Contado
por Leonardo da Vinci (1452-1519), há mais de 400 anos. Quando a Águia Real, solitária, no pico mais
alto de sua rocha, sente aproximar-se a morte, chama para junto de si seus
filhotes, olha um a um no fundo dos olhos e lhes diz:
-
Eu os nutri e fiz crescer para que sejam capazes de fixar, a olho nu, o sol.
Seus irmãos, que não suportaram esta visão, deixei-os morrer de fome. Vocês
não, vocês são dignos de voar mais alto do que todos os demais pássaros. Estou
para deixá-los, mas não morrerei em meu ninho. Voarei para o alto, até onde me
levarem as asas. Lançar-me-ei em direção ao sol, o quanto me for dado. Seus
raios de fogo queimarão minhas velhas penas e eu, então, me precipitarei sobre
a terra e mergulharei nas impetuosas águas dum rio. Das águas, no entanto,
ressurgirá meu espírito, pronto para recomeçar uma nova existência em cada um
de vocês. A Águia Real não morre, enquanto tiver no ninho um Filhote Real.
Tendo
assim falado, a Águia levanta vôo à vista de seus filhos espantados. Voa em
torno da rocha e segue em linha reta em direção ao profundo azul do céu, para
queimar ao sol suas asas majestosas. Filhos de Águia, grande e terrível é o
vosso destino no mundo!
Ninguém deve
aceitar para si um destino pequeno, um caminho sem grandeza. Na verdade, pode
não ser grande em realizações, mas pode ser admirável pela intensidade do que
se faz. Já disse, com pertinência, o maravilhoso poeta português, Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena, quando a alma não é
pequena". O olho de Águia que temos não pode lacrimejar, quando fixa o
sol. O sol, talvez, queime nossas velhas penas, mas elas deixarão rastros de
luz.
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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”