“A
palavra foi dada ao homem para encobrir seu pensamento”, Stendhal
Entre as inúmeras contribuições da
psicanálise para a humanidade, talvez a que mais se destaque é a abertura da possibilidade de escutar o
outro. A figura do analista representa um esvaziar-se de si mesmo e abrir-se para as inquietações, conflitos e,
fundamentalmente, para o discurso do paciente. Para tanto, é necessário que
o analista deixe do lado de fora de seu
consultório todas as suas opiniões morais e escute as demandas do paciente sem
julgamentos ou concepções pré-definidas. É ouvir o outro em sua inteireza, de forma depurada e sem misturar-se
com o que é falado. É ouvir por ouvir, sem a ansiedade de uma resposta que se
enquadre em um diálogo. É ouvir sem sequer pensar em construir um diálogo
racional. O diálogo se constrói por si
mesmo, nas entrelinhas, sensações e naturalidades da fala do paciente. É
essa fala do paciente que leva à resposta do analista, como num eco. Não se
trata de um diálogo construído: trata-se de um diálogo que simplesmente nasce
em si mesmo.
Por isso mesmo, o psicanalista inglês Donald
Woods Winnicott (1896-1971) diz que a
sessão psicanalítica é um momento sagrado. Sagrado, pois consiste em uma tentativa de encontrar a
verdade que não está nas palavras e sim na essência do que é cada ser humano.
A verdade que não pertence nem ao analista nem ao paciente. A verdade que
pertence à própria experiência humana. Uma verdade intangível, que se
estabelece diante da singularidade de cada um e escapa a teorias ou enquadres. Uma verdade que transcende – própria da
experiência de cada paciente. Uma verdade que nunca é totalmente revelada, mas
pode ao menos ser parcialmente iluminada.
Uma boa análise objetiva libertar o paciente de suas próprias amarras fantasiosas e das
amarras do meio social em que ele vive. É libertar o paciente do discurso do Outro – como diria Jacques Lacan
(1901-1981) –, do discurso dos pais e mães. Mas esses pais e mães ultrapassam
em muito a barreira familiar e não são apenas os biológicos. A psicanálise busca libertar o paciente do
discurso do poder, das instituições, tradições, imposições e até mesmo das leis
que regem a vida social. É libertar o paciente do discurso inventado pela
própria história humana. É desintoxicar a mente do excesso de discurso, do
excesso de palavras, do excesso de regras estabelecidas que se estende ao longo
da trajetória humana.
O
papel da psicanálise é reinventar a experiência humana contestando tudo que até
então foi imposto ao sujeito pelo discurso externo. É limpar os signos e símbolos em excesso que sufocam o humano e lhe tiram
seu caráter misterioso, subjetivo, essencial e quase místico. A psicanálise
trabalha com a palavra narrada para desgastá-la a ponto de ela perder sua
importância central e restar apenas a essência. A palavra – que muitas vezes cega – é substituída pelo sentir.
É esse sentir que levará o paciente a criar
sua própria ética. Uma ética que não
responde a instituições ou regras estabelecidas, mas que ecoa dentro de sua essência. Uma ética que dispensa a obrigação
e o apalavrado – que é essência em si mesma. O paciente, ao estar diante de um analista que se esvazia para
contê-lo, aprende também a esvaziar-se para conter todos que o cercam na
comunidade. Aprende a olhar o outro sem
barreiras morais, respeitando as singularidades, experiências e vivências de
cada um. Um ser humano analisado aprende a respeitar o espaço de si e do outro, separando o seu querer e poder do
querer e poder do outro.
Ele aprende a delimitar-se na relação com o outro,
respeitando-o e sabendo instintivamente que para construir-se é preciso do
outro, mas que esse outro também está ali para construir-se com ele. Esse
paciente aprende a olhar a si e ao outro respeitando o mistério da experiência
humana. Respeita-se a si, respeita-se o
outro e respeita o próprio mistério do existir humano. É um ser que
consegue esvaziar-se de si para acolher o outro. É alguém preparado a conviver
com unidade e em comunidade.
Conceito:
Signo e Símbolo
Signo = Significante (som) +
Significado (objeto)
Entidade constituída pela combinação de um conceito de significado, e uma imagem acústica denominada significante.
Entidade constituída pela combinação de um conceito de significado, e uma imagem acústica denominada significante.
Os “signos” psíquicos, no sentido
saussuriano do termo, serão constituídos, portanto, pela união dos “significantes”
(ou imagem acústica dos sons) e dos “significados” (ou conceitos do referente).
A oposição de dois signos complementares determina, por sua vez, uma
“estrutura” ou “código”. O estudo específico da relação lateral que se
estabelece entre os significantes ou entre os significados será denominado por
Saussure de “valor”.
Simbolo
O
termo símbolo, com
origem no grego σύμβολον (sýmbolon), designa um tipo de signo em
que o significante (realidade concreta) representa algo abstrato
(religiões, nações, quantidades de tempo ou matéria, etc.) por força de
convenção, semelhança ou contiguidade semântica (como no caso da cruz que
representa o Cristianismo, porque ela é uma parte do todo que é imagem do
Cristo morto). Sendo um signo, "símbolo" é sempre algo que representa
outra coisa (para alguém).
O "símbolo" é um elemento
essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo cotidiano e
pelas mais variadas vertentes do saber humano. Embora existam símbolos que são
reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um
determinado grupo ou contexto (religioso, cultural, etc).Ele intensifica a
relação com o transcendente.
A
definição clássica de signo (desde
a idade média, pelo menos) é a de uma coisa que é usada, referida ou tomada no
lugar de outra coisa (aliquid pro aliquo). A palavra signo, portanto, pode
abarcar desde os "signos naturais", também chamados de índices ou sintomas,
como as nuvens carregadas e a fumaça, que indicam (são índices de) chuva e
fogo, respectivamente; até os signos substitutivos (ícones), como a maquete de
um edifício, a planta de uma casa ou o retrato de uma pessoa e os símbolos
(a bandeira de um país, a suástica, a estrela de David, etc.)
O signo linguístico é artificial pois
remonta uma relação arbitrária entre um significado e um significante,
como descrito por Ferninand de Saussure, em seu Curso de Linguística
Geral. Saussure definiu o signo linguístico como o formativo da relação (sua
formante) entre um conceito e uma imagem sonora. Tanto
conceitos, como imagens sonoras, são entidades mentais. A imagem acústica (ou
sonora) "não é o som material, físico, mas a impressão psíquica dos sons,
perceptível quando pensamos em uma palavra, mas não a falamos".
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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”