O sentido da vida constitui um questionamento filosófico acerca do propósito e significado da existência humana. Segundo filósofo Friedrich Tiedemann, ela demarca então a "interpretação do relacionamento entre o ser humano e seu mundo".
Há uma quantidade inumerável de possíveis respostas para "o sentido da vida", frequentemente relacionadas a convicções religiosas ou filosóficas. Opiniões sobre o sentido da vida podem por si próprias se distinguir de pessoa para pessoa, bem como, variar no decorrer da vida de cada ser humano. No entanto, de uma forma mais ampla, não existe consenso sobre tal.
Respostas da filosofia
As opiniões em
relação ao sentido da vida, que foram expressadas na história da filosofia,
podem ser consideradas representativas como respostas não-religiosas. Algumas
das respostas expostas no decorrer do tempo sobre tal questionamento serão
introduzidas a seguir.
O sentido da vida na filosofia antiga consiste principalmente
da aquisição da felicidade (eudaimonia). Esta era comumente considerada a
característica mais elevada e mais desejada. Neste contexto, as diferenças
entre as escolas filosóficas resultam das diferentes concepções sobre a
felicidade e como cada qual acreditava que ela pudesse ser atingida.
Após Platão, a alma imortal humana consistia de três partes: a razão, a coragem e os instintos. Apenas se essas três partes estivessem em equilíbrio e não se contradizessem mutuamente, o ser humano poderia ser feliz.
Aristóteles, filósofo da grécia antiga, não julgava a felicidade como uma condição estática, mas sim uma constante ativa da alma. A felicidade humana perfeita só poderia ser encontrada na contemplação da vida (bios theoretikos), isto é, no filósofo e/ou no pesquisador científico.
O estoicismo derrubou a virtude em posição da felicidade. Só aqueles que vivem em uníssono com a ordem do cosmo, livre de emoções, desejos e paixões e seja indiferentemente perante ao próprio destino, alcançaria o estado final "apatia". Esta insensibilidade perante os acontecimentos da vida, a "paz estóica", significava a verdadeira felicidade.
Por outro lado para Epícuro, o sentido da vida jaz no desejo. Condições prévias de felicidade eram a superação do medo e da dor. Recomendava-se ainda a isolação da vida pública resguardando-se apenas a um pequeno círculo de amigos.
A Idade Média foi finalmente o tempo no qual o
Cristianismo dominou na Europa, detendo o monopólio de todo o sentido oferecido àquele tempo. Na Baixa Idade Média, a ênfase do sentido transferiu-se do pessoal ao coletivo, na sucessão pessoal de Cristo e a união mística com Deus que já havia sido procurada. Assim, com a declaração da vida eterna, o significado da vida na visão da Idade Média estava na máxima e eterna comunhão com Deus.
Respostas das religiões
As diferentes
religiões dão diferentes respostas para a questão sobre o sentido da vida. As
seções abaixo descrevem sucintamente a visão de cada religião.
Budismo
O SENTIDO DA VIDA
Uma análise de
questões existenciais de responsabilidade, propósito e sentido da vida sob a
ótica budista. O Dalai Lama mostra que muitos aspectos do sofrimento estão
ligados a um entendimento errôneo da natureza essencial de cada ser humano. Por
meio de perguntas-e-respostas, mostra como é possível enfrentar a doença,
ajudar um amigo moribundo e aumentar nossa capacidade de sentir amor por todos
os seres, entre outros temas.
No Budismo, é
dito claramente que o objetivo da vida para todos os seres humanos é único.
Sofremos (também) por causa das paixões mundanas, mas a causa maior de todo o
nosso sofrimento é por não saber o que ocorrerá após a morte. Resolvida essa
questão, pode-se atingir a Felicidade Absoluta, que não depende de fatores
externos para existir (a maioria dos seres humanos só conhece felicidades
relativas, que somente existem por comparação. Por exemplo: "eu sou feliz
porque tenho mais dinheiro que fulano, ou porque tenho mais dinheiro agora do
que antes"). Tal Felicidade Absoluta é, de fato, o verdadeiro objetivo da
vida (quaisquer outros supostos objetivos - sucesso, dinheiro, diversão, etc. -
são, na verdade, metas, mas não o objetivo final). Esse objetivo precisa ser
atingido em vida. Por meio da Lei da Causa e Efeito (um princípio fundamental e
imutável do Universo, válido em qualquer lugar e em qualquer época, que diz
que: boas ações levam a boas consequências; más ações levam a infelicidades; e
somente as ações que uma pessoa comete são responsáveis por todo e qualquer
destino que ela tiver), também conhecida como lei cármica, uma pessoa consegue,
ao praticar o bem e ouvindo o Budismo, se aproximar da Felicidade Absoluta.1
Hinduísmo
O Hinduísmo
abrange diferentes denominações religiosas, sem um ser criador comum ou
escritura sagrada universal. As opiniões filosóficas individuais têm conceitos
parcialmente diferentes em relação ao ensino da vida, morte e libertação. Os
conceitos relacionados ao sentido da vida são da mesma maneira diferentes. Para
muitos, significa uma vida após o tradicional "quatro objetivos da
vida", isto é, Artha (poder), Kama (desejo), Dharma (harmonia moral) e
finalmente como última meta, o Moksha (a libertação). Para os partidários dos
ensinamentos de Advaita-Lehre, Moksha significa elevação a "consciência
cósmica" no brâmane. Para os defensores do Dvaita-Lehre, o Bhakti possui
um estado central, e a libertação significa comunhão eterna e paz com Deus.
Judaísmo
O sentido da vida
no Judaísmo consiste na observância das leis divinas, i. e., na reverência
perante a Deus e sua vontade. As leis e ordens divinas estão reunidas na
Tanakh, além da Talmud e Midrash.
Cristianismo
O sentido da vida
é se conhecer e saber que é um animal Racional, sofredor e mortal.
Humor e cultura popular
O conceito de a
vida possuir um significado é usualmente parodiado na cultura popular:
Em relação aos livros da série O Guia do Mochileiro das Galáxias, o sentido da vida é 42, por esta ser a resposta para a pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais (que foi obtida após um período de sete milhões e meio de anos de processamento de um supercomputador gigante chamado Pensador Profundo, que havia sido construído por uma raça de seres hiperinteligentes).
“Neste filme ‘O Sentido da Vida’,
dentro da Sessão Monty Python, a
trupe de comediantes britânicos satiriza tudo o que é levado ‘muito a sério’
pela sociedade...”
Em Os Simpsons, no final do episódio "Homer, o Herege", o próprio Deus em pessoa fala a Homer qual é o sentido da vida, mas a conversa é interrompida pelos créditos.
O Alquimista e o filme City Slickers apresentam o assunto de maneira similar: o significado da vida é uma jornada individual para encontrar o "caminho" de cada um. Neste contexto, o "caminho", similar ao que é definido no budismo como "4ª verdade nobre", é melhor explicado simplesmente como o modo que a pessoa escolhe conduzir a sua vida.
Referências: