Introdução
A característica básica deste transtorno é a falta de persistência em atividades que
requeiram atenção. Essas crianças tentam fazer várias coisas ao mesmo tempo
e além de não acabarem nada, deixam tudo desorganizado. Este problema incide
mais sobre meninos do que sobre meninas, sendo detectável em torno dos cinco anos de idade, ou antes, na maioria
das vezes. O diagnóstico fica mais fácil depois que a criança entra para a
escola, porque aí a comparação com outras crianças é natural, evidenciando-se o
comportamento diferente. Mesmo aquelas crianças consideradas muito inquietas
antes de entrarem para o colégio, podem ficar comportadas e participativas;
somente as crianças com algum transtorno não se adaptam.
Características
Os três aspectos fundamentais são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade.
A desatenção é caracterizada pela
dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades
escolares, dificuldade de manter a atenção mesmo nos jogos ou brincadeiras. A
criança muitas vezes aparenta não escutar quando lhe dirigem a palavra, não
seguir as instruções dadas e não terminar as tarefas propostas, dificuldade em
organizar-se e evitação de atividades que exijam concentração, perda constantes
de materiais próprios por distrair-se com facilidade perante estímulos alheios.
A
hiperatividade
caracteriza-se pelo constante mexer-se na cadeira, balançar as mãos e pés
constantemente, abandonar a cadeira quando se esperava que permanecesse
sentado, correr, escalar em demasia ou em situações onde isso seria
inapropriado, falar em demasia, dificuldade de envolver-se silenciosamente em
situações ou brincadeiras, dificuldade de permanecer realizando atividades
mesmo que da preferência da criança como as atividades de lazer escolhidas por
ele, dar a impressão de que está "sempre a mil".
A
impulsividade
caracteriza-se por dar respostas precipitadamente mesmo antes da pergunta ter
sido completada, meter-se ou interromper as atividades dos outros e ter
dificuldade de esperar a sua vez.
Crianças com déficit de atenção e hiperatividade
costumam ser impulsivas e propensas a se acidentarem. Não tomam cuidado consigo
mesmas nem com os outros, são socialmente desinibidas, sem reservas e
despreocupadas quanto às normas sociais. Podem
ser impopulares com outras crianças e acabam isoladas, sem se importarem
aparentemente com isso. Como resultado da falta da persistência da atenção
se atrasam no colégio e no desenvolvimento da linguagem. A hiperatividade
torna-se aparente quando numa turma da mesma idade todos colaboram e a criança
hiperativa acaba tendo que ser retirada por impedir o prosseguimento da
atividade. Essas crianças obviamente não sabem o que se passa com elas mesmas,
por isso não se justificam e ficam sendo consideradas problemáticas,
indisciplinadas, mal-educadas e despertam antipatias entre as pessoas
responsáveis pelos seus cuidados.
Considerações
A desatenção, a impulsividade e a hiperatividade podem resultar de problemas na vida dessas
crianças e não necessariamente ser causada pelo déficit de atenção com
hiperatividade, principalmente quando apenas parte dos sintomas estão presentes
ou quando não se manifestam o tempo todo. O déficit de atenção se manifesta
continuamente. Uma criança que se comporte inadequadamente dentro das
características citadas somente em casa
ou somente na escola possivelmente encontra problemas nesses locais e não
apresenta o transtorno de déficit de atenção. Sistemas educacionais inadequados e problemas conjugais são as
primeiras coisas a serem analisadas. Portanto, o contexto onde a criança
vive, além dos sintomas, deve sempre ser considerado para o diagnóstico.
A maioria das pesquisas mostra que, em média, 67%
de crianças diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) continuam tendo os sintomas
quando adultos, interferindo em sua vida acadêmica, profissional, afetiva e
social. A avaliação precoce e o tratamento adequado podem reduzir os
sintomas significativamente. Vale
ressaltar a importância de avaliarmos o TDAH em adultos, revisando-se as
preocupações atuais, avaliação do nível de funcionamento na infância e no
adulto, história de vida detalhada, avaliação de história de adaptação
psicossocial, diagnóstico diferencial e avaliação intelectual, de comorbidades
e das funções executivas.
O TDAH em
adultos muitas
vezes tem sido visto como uma doença camuflada, devido ao fato dos sintomas
serem mascarados, ocorrendo problemas de relacionamento afetivo e
inter-pessoal, de organização, problemas de humor, abuso de substâncias, ou
seja, caracterizados pela comorbidade. Desta maneira, o diagnóstico se torna
difícil e os adultos e, principalmente
as mulheres, ficam sem diagnóstico e tratamento.
Alguns sintomas
observados com freqüência no TDAH em adultos: Eles podem apresentar dificuldades com
relações afetivas instáveis (separações, divórcios); instabilidade profissional
que persiste ao longo da vida; rendimentos abaixo de suas reais capacidades no
trabalho e na profissão; falta de capacidade para manter a atenção por um
período longo; falta de organização (carente de disciplina); insuficiente
capacidade para cumprir o que se comprometem; incapacidade para cumprir uma
rotina; esquecimentos, perdas e descuidos importantes; depressão e baixa
auto-estima; dificuldades para pensar e se expressar com clareza; tendência a
atuar impulsivamente e interromper os outros; dificuldades de escutar e esperar
sua vez de falar; freqüentes acidentes automobilísticos devido à distração;
freqüente consumo de álcool e abuso de substância.
Alguns
sintomas apesar de não constarem no manual oficial dos transtornos mentais, DSM, são vistos com
freqüência, tais como a baixa auto-estima; sonolência diurna (dormir como uma
pedra); "pavio curto" (mistura de impulsividade e irritabilidade);
necessidade de ler mais de uma vez para "fixar" o que leu;
dificuldade de levantar de manhã, de se "ativar" no início do dia;
adiamento constante das coisas; mudança de interesse o tempo todo; intolerância
a situações monótonas e repetitivas; busca constante por coisas estimulantes ou
diferentes e variações freqüentes de humor.
Dificuldades
específicas da função de atenção: Adultos com TDAH apresentam uma tendência
pronunciada de distração, esquecimento, repetições de erros, além de perderem
coisas, não recordarem o que acabaram de ler, de necessitarem perguntar muitas
vezes o mesmo e evitarem sistematicamente toda leitura que não seja do seu
interesse específico. Geralmente envolvem-se em atividades de pouca atenção e
concentração por apresentarem tais dificuldades. Isso não significa não prestar
atenção nunca, mas em muitas ocasiões, ou na maioria delas a pessoa está
dispersa, "no mundo da lua" (Mattos, 2003).
No trabalho, custam a se organizar, permanecer
atentas e terminar uma tarefa. O tempo que necessitam geralmente é muito maior
do que se espera e rendem mais quando estão sozinhos. Mostram dificuldades
também com a memória de trabalho, que permite os processos de comparação,
processamento e emissão de uma resposta correta.
Adultos com
TDAH não
são críticos quanto a suas dificuldades de atenção e poucos se dão conta do
problema. Isto acontece porque sempre foram dispersos e desatentos, erram
repetidamente, perdem coisas, não recordam o que acabam de ler, necessitam
perguntar várias vezes a mesma coisa e evitam leitura que não seja de seu
interesse específico. E são capazes de dormir ou desligar diante de assuntos
que não lhe interessam diretamente, indicando que são pessoas que padecem de um
problema de atenção. Muitas vezes mostram uma clara dificuldade para conseguir
o mínimo de concentração suficiente para manter qualquer atividade.
Ser detentor
do diagnóstico de TDAH não significa que não preste atenção nunca, e, sim, que em
muitas ocasiões, ou na maioria das vezes, o paciente está disperso. Em outros
momentos, pode permanecer concentrado e ser constante numa tarefa. Mesmo que o
problema seja crônico não quer dizer que esteja sempre presente. Isto remete ao
que muitos autores colocam de que portadores de TDAH mostram a atenção
flutuante: em determinados momentos são atentos e em outros não.
Para se fazer
o diagnóstico de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade no adulto é necessário que ele tenha
começado na infância, tenha durado pelo menos seis meses e prejudicado de forma significativa o desenvolvimento
do paciente.
Diagnóstico
O diagnóstico é estabelecido pela presença das
características fundamentais tendo
iniciado pelo menos antes dos sete anos de idade. Pelos critérios norte americanos, são necessários no
mínimo seis sintomas para a realização
do diagnóstico, mas esse número está sendo revisto podendo vir a ser
reduzido para cinco ou quatro
sintomas uma vez que a intensidade de poucos sintomas muitas vezes é suficiente
para causar prejuízos à criança.
A (OMS) Organização Mundial de Saúde, não
especifica um número de sintomas para fazer o diagnóstico.
Tipos
Há três
tipos classificados de (TDAH) Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade.
ü Predomínio de sintomas de atenção
ü Predomínio de sintomas de hiperatividade / impulsividade
ü Misto
As crianças com predomínio de impulsividade e hiperatividade costumam ter mais
problemas de socialização com outras crianças, justamente por serem mais
agressivas do que as crianças com os outros dois tipos. O tipo misto apresenta mais a combinação com o transtorno oposicional
desafiador, além de este apresentar maior prejuízo global de funcionamento.
Comorbidade (quando duas ou mais doenças estão etiologicamente
relacionadas)
Os estudos mostram uma alta correlação do
transtorno de déficit de atenção com os transtornos de conduta e oposicional desafiante, sendo que aproximadamente 30 a
50% das crianças com déficit de atenção com hiperatividade apresentam também
esses outros diagnósticos.
No Brasil foi encontrada uma taxa de
comorbidade de 47,8%. Outros transtornos são também mais comuns nessas
crianças, como depressivos que
variam de 15 a 20% . De ansiedade em
torno de 25% e transtornos de
aprendizagem também 25% aproximadamente. Dentre os adolescentes com déficit de atenção há uma maior incidência de abuso de drogas principalmente quando
adultos. Este fato provavelmente é dependente da ligação com transtornos de
conduta uma vez que se sabe que há uma relação entre distúrbios de conduta na
infância e abuso de drogas no adulto.
Tratamento
O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja,
uma combinação de medicamentos (Médico Psiquiatra), orientação aos pais e
professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A
medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento.
A
psicoterapia é indicada para o tratamento do TDAH, bem como o tratamento com fonoaudiólogo e avaliação psicopedagógica (em
casos de TDAH em crianças com problemas de aprendizagem), são recomendados nos casos onde existe simultaneamente
Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita
(Disortografia). O TDAH não é um problema de aprendizado, como a Dislexia e a
Disortografia, mas as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a
inquietude atrapalham bastante o rendimento dos estudos. É necessário que os
professores conheçam técnicas que auxiliem os alunos com TDAH a ter melhor
desempenho.Em alguns casos é necessário ensinar ao aluno técnicas específicas
para minimizar as suas dificuldades.
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