A
importância de ouvir mais e falar menos...Essa atitude faz toda a diferença!
Uma amiga
ligou com notícias perturbadoras: a filha solteira estava grávida.
Relatou a
cena terrível ocorrida no momento em que a filha finalmente contou a ela e ao
marido sobre a gravidez.
Houve
acusações e recriminações, variações sobre o tema "Como pôde fazer isso
conosco?" Meu coração doeu por todos: pelos pais que se sentiam traídos e
pela filha que se envolveu numa situação complicada como aquela.
Será que
eu poderia ajudar, servir de ponte entre as duas partes?
Fiquei tão
arrasada com a situação que fiz o que faço – com alguma frequência – quando não
consigo pensar com clareza: liguei para minha mãe. Ela me lembrou de algo que
sempre a ouvi dizer. Imediatamente, escrevi um bilhete para minha amiga,
compartilhando o conselho de minha mãe: "Quando uma criança está em apuros, feche a boca e abra os braços."
Tentei
seguir o mesmo conselho na criação de meus filhos. Tendo tido cinco em seis
anos, é claro que nem sempre conseguia.
Tenho uma
boca enorme e uma paciência minúscula.
Lembro-me
de quando Kim, a mais velha, estava com quatro anos e derrubou o abajur de seu
quarto. Depois de me certificar de que não estava machucada, me lancei numa
invectiva sobre aquele abajur ser uma antiguidade, sobre estar em nossa família
há três gerações, sobre ela precisar ter mais cuidado e como foi que aquilo
tinha acontecido – e só então percebi o pavor estampado em seu rosto. Os olhos
estavam arregalados, o lábio tremia.
Então me
lembrei das palavras de minha mãe. Parei no meio da frase e abri os braços. Kim
correu para eles dizendo: – Desculpa... Desculpa – repetia, entre soluços. Nos
sentamos em sua cama, abraçadas, nos embalando. Eu me sentia péssima por tê-la
assustado e por fazê-la crer, até mesmo por um segundo, que aquele abajur era
mais valioso para mim do que ela.
– Eu
também sinto muito, Kim – disse quando ela se acalmou o bastante para conseguir
me ouvir. Gente é mais importante do que abajures. Ainda bem que você não se
cortou. Felizmente, ela me perdoou.
O
incidente do abajur não deixou marcas perenes. Mas o episódio me ensinou que é
melhor segurar a língua do que tentar voltar atrás após um momento de fúria,
medo, desapontamento ou frustração.
Quando
meus filhos eram adolescentes – todos os cinco ao mesmo tempo – me deram
inúmeros outros motivos para colocar a sabedoria de minha mãe em prática:
problemas com amigos, o desejo de ser popular, não ter par para ir ao baile da
escola, multas de trânsito, experimentos de ciência malsucedidos e ficar em
recuperação.
Confesso,
sem pudores, que seguir o conselho de minha mãe não era a primeira coisa que me
passava pela mente quando um professor ou diretor telefonava da escola. Depois
de ir buscar o infrator da vez, a conversa do carro era, por vezes, ruidosa e
unilateral. Entretanto, nas ocasiões em que me lembrava da técnica de mamãe, eu
não precisava voltar atrás no meu mordaz sarcasmo, me desculpar por suposições
errôneas ou suspender castigos muito pouco razoáveis. É impressionante como a
gente acaba sabendo muito mais da história e da motivação atrás dela, quando
está abraçando uma criança, mesmo uma criança num corpo adulto.
Quando eu
segurava a língua, acabava ouvindo meus filhos falarem de seus medos, de sua
raiva, de culpas e arrependimentos. Não ficavam na defensiva porque eu não os
estava acusando de coisa alguma. Podiam admitir que estavam errados sabendo que
eram amados, contudo. Dava para trabalharmos com "o que você acha que
devemos fazer agora", em vez de ficarmos presos a "como foi que a
gente veio parar aqui?"
Meus
filhos hoje estão crescidos, a maioria já constituiu a própria família.
Um deles
veio me ver há alguns meses e disse "Mãe, cometi uma idiotice..."
Depois de um abraço, nos sentamos à mesa da cozinha.
Escutei e
me limitei a assentir com a cabeça durante quase uma hora enquanto aquela
criança maravilhosa passava o seu problema por uma peneira. Quando nos
levantamos, recebi um abraço de urso que quase esmagou os meus pulmões.
–
Obrigado, mãe. Sabia que você me ajudaria a resolver isto.
É incrível
como pareço inteligente quando fecho a boca e abro os braços.
Histórias para aquecer o coração
das mães
Jack
Canfield, Mark Victor Hansen e outros
Editora
Sextante
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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”