O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva.
Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada.
Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar.
Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva. A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia.
Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco, tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro.
O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.
Aspectos do Transtorno Bipolar
O transtorno bipolar é uma doença crônica, recorrente e, se não for tratada, pode se tornar incapacitante. Caracteriza-se pela alternância nos estados de humor, entre fases de depressão e euforia (mania), intercaladas por períodos de normalidade.
A fase eufórica consiste em uma exaltação do humor que ocorre sem nenhuma relação com o momento que a pessoa está vivendo. Em geral, a mudança é súbita, mas o indivíduo não percebe, porque o seu senso crítico também se encontra alterado.
Nesta fase, os sintomas variam desde exaltação do humor, euforia, aceleração do pensamento e da fala, diminuição da necessidade de sono, exacerbação da sexualidade, comprometimento da crítica até a irritabilidade, agressividade e dificuldade de controlar adequadamente os impulsos.
Em casos de maior gravidade, o paciente apresenta delírios de conteúdo de grandeza, poder ou ainda de perseguição, podendo inclusive apresentar alucinações.
A fase de mania pode expor o paciente a vários riscos, como dirigir em alta velocidade, abusar de álcool ou drogas e gastar excessivamente, tornando por vezes, difícil o convívio social.
Na fase de depressão, é notável a diminuição do interesse ou prazer, podem ocorrer mudanças no apetite e no peso, insônia ou em alguns casos hipersônia, perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, diminuição da capacidade de concentração, pensamentos recorrentes de morte, podendo levar até o suicídio.
O transtorno bipolar tem uma etiologia multifatorial, isto é apresenta uma vulnerabilidade genética e biológica que se manifesta quando o indivíduo é submetido a estressores físicos, sociais e psicológicos.
Existem pesquisas que sugerem que seja herdado, relacionado a uma falta de estabilidade na transmissão dos impulsos, tornando os portadores desse transtorno mais vulneráveis às tensões emocionais. No que se refere à etiologia da doença, podemos concluir que os aspectos biopsicossociais desempenham um papel importante no desencadeamento da doença.
Vale a pena destacar que apesar da questão genética do transtorno bipolar, os eventos estressantes da vida são os desencadeadores das crises que acometem as pessoas que sofrem com este transtorno.
Apesar de ser uma doença crônica e de haver necessidade de controle durante toda a vida, é necessário desestigmatizar a doença, já que existe tratamento que oferece condições para que essas pessoas tenham uma vida normal e produtiva.
Hoje em dia, já existe a possibilidade de por fim ao desespero dos que sofrem com este transtorno, tanto a medicação que é essencial ao tratamento quanto à terapia oferecem esperança de uma melhor qualidade de vida para os bipolares.
"A vida é um sonho, acordar é o que nos mata" (Virginia Woolf).
Aos leitores desse artigo, gostaria de sugerir a leitura do texto completo (conforme link abaixo), pois me ative a destacar os pontos mais importantes desse tipo de transtorno, no intuito de torná-lo breve e de fácil compreensão. Àqueles que tiverem curiosidade, vale a pena ler uma breve biografia da vida e da obra de Virginia Woolf, uma das maiores escritoras do século XX, que aos treze anos começou a apresentar os sintomas do que hoje seria diagnosticado, como transtorno afetivo bipolar. Embora tendo vivido entre constantes oscilações de humor, teve uma vida profissional bastante produtiva, Virginia Woolf foi romancista e crítica literária, sua obra inclui 9 romances e 40 contos, 2 biografias ficcionais e 1 verdadeira, aproximadamente 500 ensaios, 4000 cartas e quase 50 anos de diários.
Mesmo tendo uma vida profissional bem sucedida, as crises depressivas a acometiam, principalmente quando estava terminando um livro ou próxima a lançá-lo, queixava-se de sintomas físicos como enxaqueca e insônia .
Infelizmente a psiquiatria da época ainda não dispunha de condições adequadas para o tratamento efetivo do Transtorno Bipolar. Em fevereiro, de 1941, Virginia Woolf começou a ter crises de desespero e em 28 de março do mesmo ano, acabou suicidando-se, morreu afogada em um rio após encher os bolsos de pedras. Deixou uma carta ao marido, onde dizia ter voltado a ouvir vozes e que não suportaria mais outra crise.
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