Síndrome das pernas inquietas, ou
síndrome de Ekbom,
é um distúrbio que se caracteriza por alterações da sensibilidade e agitação
motora involuntária dos membros inferiores, mas que pode acometer também os
braços nos casos mais graves. Em geral, os sintomas são mais intensos à noite e
o paciente dorme mal ou quase não dorme. Como consequência, passa o dia sonolento, cansado, indisposto
e irritado.
O fato de
a síndrome manifestar-se predominantemente nos momentos de repouso, a qualidade
de vida fica comprometida, uma vez que a pessoa não consegue ir ao cinema ou ao
teatro, ver televisão, participar de uma reunião social ou de negócios, ou
fazer viagens mais longas.
A síndrome
das pernas inquietas é a mais comum das doenças do sono, da qual poucos ouviram
falar. Afeta cerca de 7% da população e se
caracteriza principalmente por uma profunda sensação desagradável nas pernas (gastura),
nos ossos e, às vezes, como se fosse uma coceira ou friagem, choque,
formigamento, e eventualmente dor. Estes sintomas são acompanhados de uma sensação de angústia e imensa necessidade
de mover as pernas, ou ainda massageá-las, alongá-las ou mesmo "espancá-las" em algumas situações.
Sintomas
Os
principais sintomas são: sensação de desconforto e necessidade premente de
mover as pernas, dor, formigamento, arrepios, pontadas. A intensidade pode
variar de leve a grave e diminui com o movimento. Em geral, eles se manifestam
a noite e impedem que a pessoa tenha um sono reparador. Como consequência, no
dia seguinte, ela está sonolenta, cansada, mais propensa a irritar-se
facilmente e à depressão.
Cafeína em excesso e tabagismo
pioram os sintomas.
Causas
A causa da
síndrome não é bem conhecida. Sabe-se que, além da predisposição genética, a
deficiência de dopamina e de ferro em áreas motoras do cérebro está associada à
ocorrência de movimentos involuntários e repetitivos característicos da
síndrome.
Diagnóstico
O
diagnóstico é predominantemente clínico, fundamentado na descrição dos
sintomas. Embora raramente essa síndrome tenha como causa uma polineuropatia, é
indispensável avaliar os reflexos, a sensibilidade ao toque e a intensidade da
dor.
A
polissonografia e a dosagem dos teores de ferritina e tranferrina, substâncias
que transportam o ferro no sangue periférico, são exames laboratoriais que
ajudam a confirmar o diagnóstico.
Prevalência
A síndrome
pode manifestar-se em qualquer faixa de idade. Mais rara na infância, acomete
principalmente a população adulta e sua incidência aumenta com o
envelhecimento.
Tratamento
Deve ser
instituído quando os sintomas são graves durante o dia ou interferem no sono.
Nos casos sintomáticos pode haver possibilidade de controle e real melhora na
qualidade de vida.
Os
aspectos relativos ao tratamento ainda são controversos. Não existe ainda
nenhum medicamento específico para o tratamento da SPI. Nenhum medicamento
ainda mereceu um enfoque multicêntrico, num desenho de pesquisa adequado e com
observação em longo prazo. Não há estudos comparando diversos medicamentos na
mesma população e que relacionem o tratamento com a qualidade de vida.
Quatro classes de medicamentos
podem ser usadas:
Agentes
dopaminérgicos
Opióides
Benzodiazepínicos
Anticonvulsivantes
A American
Academy of Sleep Medicine reconhece que os agentes dopaminérgicos são as drogas
que melhor resultado oferecem no tratamento da SPI.
A primeira
droga usada foi a L-Dopa, mas apresenta uma alta incidência de efeitos
colaterais.
Outras
drogas, como a cabergolina, pergolida e principalmente o pramipexol têm efeitos
colaterais menos intensos. Uma avaliação com a cabergolina mostrou que ela é
eficaz no tratamento da SPI de grau moderado a grave.
O
pramipexol é uma droga eficaz nos casos mais graves, é bem tolerada e tem sido
usada mais amplamente. Apesar de já populares, principalmente nos Estados
Unidos, os agonistas dopaminérgicos não foram submetidos a ensaios clínicos bem
desenhados com número grande de pacientes e desfechos a longo prazo,
considerando por exemplo a qualidade de vida e duração do período de eficácia.
O tratamento com L-Dopa, por exemplo, é eficaz, porém em pouco tempo deixa de
ser benéfico e conduz ao grave estado da Síndrome do Aumento (Augmentation).
Importante:
o Departamento de Medicina e Biologia do
Sono da UNIFESP (tel 11-2108-7633)
atende pacientes com a síndrome pelo SUS.
Recomendações
- Criança inquieta na hora de dormir, que chora, resmunga e mexe muito as pernas, pode não estar fazendo manha. Leve-a ao pediatra para afastar a possibilidade de ter desenvolvido os sintomas da síndrome das pernas inquietas;
- Da mesma forma, aja com os idosos. Não atribua a agitação e as queixas à perda das faculdades mentais. Sedá-los pode piorar muito o quadro, se o problema for a síndrome das pernas inquietas;
- O agravamento dos sintomas pode tornar insuportável a vida do portador da síndrome e da pessoa com quem divide a cama ou o quarto. Só o tratamento adequado é capaz de controlar as crises e aliviar os sintomas que, na maior parte das vezes, pioram à noite. Não se automedique; procure assistência médica especializada;
- O consumo de cafeína, álcool e cigarro é absolutamente desaconselhado. Faça um esforço e tente excluí-los do seu dia a dia;
- Medicamentos
antidepressivos e neurolépticos podem desencadear uma síndrome semelhante
à das pernas inquietas. Esteja atento.
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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”