A bioquímica do medo
O medo é uma emoção primitiva. Como nos protege das
enrascadas, essa ferramenta, ao longo de nossa história evolutiva, vem
garantindo a preservação da espécie, mantendo-nos alertas. Embora não ocorra
com exclusividade entre os homens, é em nós que se manifesta com mais
freqüência e nas situações mais diversas, e não apenas diante de ameaças. 'Isso
porque o medo não é inato', afirma
Mário Eduardo Costa Pereira, diretor do Laboratório de Psicopatologia
Fundamental do Departamento de Psiquiatria da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas). 'Ele se constitui
individualmente, com as experiências, com as relações culturais e no
contato com os outros.'
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Pêlos se eriçam
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Pupilas se dilatam
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Respiração se acelera
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Salivação diminui
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Batimentos cardíacos disparam
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Inicia a queima das reservas de gordura
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Estômago se contrai
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Circulação sanguínea se concentra nos músculos
O segredo do gosto
pelo pânico pode estar em um conjunto de estruturas nervosas famosas pela
relação com o uso de drogas - o
sistema de recompensa. Ao provocar a
liberação de hormônios, o medo promove reações físicas estimulantes e ativa
essas regiões cerebrais. O estresse causado pelas situações apavorantes faz
o corpo se sentir bem.
A reação envolve principalmente a produção de quatro
substâncias: adrenalina, endorfina,
dopamina e cortisol. Essas descargas químicas preparam a pessoa para reagir
à ameaça, seja pela luta ou pela fuga;
atenuam o desconforto físico e trazem satisfação depois que o desafio termina.
O bem-estar também está associado aos opióides que o cérebro produz para si mesmo durante o estresse.
Essas substâncias, de ação analgésica,
trazem calma depois da euforia. Assim como acontece com as drogas, essa sensação pode ser viciante.
Real x imaginário
Uma prova disso é o fato de os bebês não estarem preparados
para lidar com o perigo - eles mexem com facas e chegam à beira de janelas. Aos poucos, constroem seu repertório de
medos, ou seja, delimitam o que constitui, para eles, situações de alerta. Pereira, que é especialista em pânico, lembra
que o risco real não é muito diferente
do imaginário. É por isso que, mesmo conhecendo a natureza irreal dos
filmes de monstros, muitas pessoas se deixam envolver.
Sangue, cortes e perseguições com serras elétricas causam
grande alvoroço nas telonas, mas os medos humanos não vêm apenas do instinto de
sobrevivência. 'O próprio medo da morte
é um medo construído', diz o psiquiatra. 'Em outras épocas, perder a honra
ou o amor de Deus era mais temido do que morrer.'
Medo ancestral
Nos animais, o medo aparece exclusivamente na relação do
bicho com o predador. 'Os animais não têm consciência da morte e as questões
são respondidas instintivamente', explica o etólogo (especialista em
comportamento animal) Kleber Del-Claro, presidente da Sociedade Brasileira de
Etologia. A ausência de racionalidade é o que os afasta da prática do medo
prazeroso. 'Na natureza, um risco deve
sempre ter uma recompensa, geralmente em aumento da chance de deixar
descendentes.'
A ausência de entretenimentos perigosos entre os bichos pode
dar pistas sobre a fixação humana por esse tipo específico de lazer. Talvez por
não ter mais de fugir de animais selvagens, os homens tenham passado a reproduzir artificialmente os desafios de
seus antepassados. É o caso de quem se infiltra no território inimigo.
'O medo primitivo da
caçada está guardado em nosso inconsciente', afirma a psicóloga Neuza Corassa, do CPEM (Centro de Psicologia Especializado em
Medos, de Curitiba). 'É uma emoção natural que faz parte da nossa constituição,
por isso buscamos revivê-la', completa.
Transtorno ou
Síndrome do Pânico
É tão difícil, atualmente, encontrar alguém que nunca tenha
ouvido falar em Síndrome do Pânico. O sintoma
básico é um medo enorme sem explicação, indefinido, medo infundado; você
acha ridículo sentir esse medo, mas não
consegue controlar. Ela é caracterizada pela presença de ataques de pânico.
São crises súbitas, repentinas, espontâneas, com forte sensação de medo (medo de tudo e sem motivo), de perigo,
de desmaio, de derrame cerebral, loucura ou morte iminente (o que nunca ocorre); sensação de alerta
ou de fuga, necessidade de socorro imediato ou até de se encolher num canto,
agitação e múltiplos sintomas indefiníveis. Enfim, um terrível mal estar. Você se sente totalmente inseguro, como uma
criança. Não houve nenhum fator que o precipitasse.
De repente a
pessoa sente um mal estar estranho na
cabeça como se fosse perder a razão, a consciência. É comum uma sensação de estar fora da realidade; ou
um mal estar generalizado, como um pressentimento
de que algo muito grave fosse acontecer. E é nesse momento que um outro sintoma (bastante característico)
aparece: a necessidade de estar ao lado
de alguém que traga segurança. Geralmente, alguém muito próximo.
Podem surgir
desde palpitações no coração, falta de ar ou dificuldade de respirar, sensação
de sufocamento ou bolo na garganta, mãos e pés molhados e frios, formigamentos
nos braços, pernas ou no rosto, zoeira, zumbido ou pressão nos ouvidos (como se
fosse pressão baixa ou labirintite), suor ou tremedeira generalizado, distúrbio
gastrintestinal como (náuseas, enjôos, diarréia, gases, vontade irresistível de
urinar, falta ou excesso de apetite), desânimo acentuado, mal estar geral,
insônia ou sono excessivo, ondas de calor ou frio, tonteiras.
Porém, pessoas
predispostas à síndrome podem desencadeá-la depois de passar por situações
traumáticas. Dias, semanas ou meses depois de determinados problemas como perda
de entes queridos, término de um relacionamento, desemprego, doenças no lar,
pré ou pós-operatórios, assaltos, seqüestros, acidentes, etc.
É comum um
paciente passar meses tentando resolver a diarréia, sem solução. O mesmo
acontece com o indivíduo que nunca teve pressão alta e passa a ter depois da
crise.
Como a síndrome do pânico varia muito na sua intensidade,
nem todos sentem os mesmos sintomas. A crise do pânico pode ser classificada como:
leve, moderada, grave e muito grave.
Alguns portadores do pânico, apesar de muito desconforto, conseguem manter suas
atividades, tais como trabalhar, estudar, resolver questões do cotidiano, devido
à necessidade; porém outros não conseguem nem mesmo sair de casa, ficando
confinados, reclusos em seu lar. À
medida que o pânico se agrava, diminui o seu raio de ação, ficando
bloqueados à mercê de seu “inimigo
oculto”.
Quais os sintomas
físicos de uma crise de pânico?
Como se descreve acima, os sintomas físicos de uma crise de
pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente. Os sintomas são como
uma preparação do corpo para receber algo “terrível". A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Diante
do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos
membros usados para fugir - em detrimento de outras partes do corpo, incluindo
os órgãos sexuais.
Se você tem sentido
crises de forma inesperada, abrupta e
sem motivo aparente, avalie quantos desses
sintomas você apresenta durante a
crise:
• Contração / tensão muscular, rijeza
• Palpitações (o coração dispara)
• Tontura, atordoamento, náusea
• Dificuldade de respirar (boca seca)
• Calafrios ou ondas de calor, sudorese
• Sensação de "estar sonhando" ou distorções de
percepção da realidade
• Terror - sensação de que algo inimaginavelmente horrível
está prestes a acontecer e de que se
está impotente para evitar tal acontecimento
• Confusão, pensamento rápido
• Medo de perder o controle, fazer algo embaraçoso
• Medo de morrer
• Vertigens ou sensação de debilidade
Se você conseguiu identificar 4 ou mais sintomas é
pertinente, que se procure um médico Psiquiatra, que possa fazer uma avaliação acerca
dos sinais e sintomas do transtorno.
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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”