Convivência com a família do parceiro não pode ser obrigação
Almoçar todo domingo na casa da sogra faz parte da rotina de alguns casais. Apesar de a convivência com a família do outro ser importante para o relacionamento, esse tipo de compromisso não pode virar uma imposição, sobretudo quando o parceiro não se sente bem naquele ambiente.
Almoçar todo domingo na casa da sogra faz parte da rotina de alguns casais. Apesar de a convivência com a família do outro ser importante para o relacionamento, esse tipo de compromisso não pode virar uma imposição, sobretudo quando o parceiro não se sente bem naquele ambiente.
Para
a psicóloga Gláucia Diniz, pesquisadora e professora do programa de
pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura da UnB (Universidade de
Brasília), o contato com os nossos próprios familiares e do outro nos leva a
perceber o que sentimos nossos limites e o que estamos dispostos a ceder e
fazer. "Não precisamos funcionar nos extremos: estar presente ou ausente o
tempo todo", diz.
Gostando
ou não da família do par, Gláucia lembra que os vínculos permanecem e a
civilidade deve prevalecer. "Respeitar e conviver com a família do outro é
necessário porque essas pessoas são importantes para ele", afirma. A
professora da UnB também destaca que é essencial ter cuidado para não
generalizar o sentimento quando não simpatizamos com algum familiar.
Mesmo
que se opte por certo distanciamento em algumas ocasiões, para evitar problemas
ou desentendimentos, fica difícil eliminar completamente o convívio.
"Embora sejam necessários os limites entre o relacionamento amoroso e a
família, não pode haver exclusão", afirma a psicóloga Ivana Gisel Casali
Robalinho, professora do Centro Universitário Adventista de São Paulo e
pesquisadora do grupo de Relações Interpessoais da UFSCar (Universidade Federal
de São Carlos).
Você deixa a família interferir na
relação?
Lidar com pais ou sogros invasivos é difícil e desconfortável, mas é possível deixar a situação mais tranquila.
Limites e expectativas
Se
é relevante para o parceiro, Ivana acredita que deve haver um esforço para
participar dos programas familiares dele, porém sem a obrigação de fazer isso
sempre. "Você pode negociar com seu par a frequência de participação
nesses encontros ou até o envolvimento neles", sugere.
A
psicóloga Denise Pará Diniz, coordenadora do setor de Gerenciamento de Estresse
e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que
ninguém precisa ir além dos seus limites emocionais para manter uma relação,
contudo não há como se livrar dos laços que existem. "Você não é obrigado
a ser desrespeitado, mas tem de lembrar que faz parte do mundo do outro",
diz.
Dá
para deixar de ir a algumas festas e reuniões, porém, em algum momento, como em
um casamento ou nas comemorações de final de ano, o encontro com os familiares
do par amoroso será inevitável. "O fato é que você vai ter de conviver.
Não é viver como eles, mas conviver", observa.
Buscar
conhecer a família do outro, entender como cada pessoa funciona naquele
contexto e não exagerar nas expectativas são algumas dicas de Denise para uma
convivência mais harmônica.
A
psicóloga acredita que sempre vale a pena tentar todas as estratégias possíveis
para viver em paz com os familiares do cônjuge ou namorado. Mas quando
realmente não houver solução, a não ser o afastamento, é importante respeitar a
decisão do outro de continuar em contato com os parentes. "Não deseje que
ele vire as costas para a própria família", diz.
Ampliar
Não
existe novela sem conflitos familiares. As relações entre pais e filhos,
maridos e mulheres, noras e genros, só para citar alguns tipos, rendem boas
histórias, prendem a atenção do telespectador e, inevitavelmente, nos faz
comparar situações da vida real com aquelas que são apresentadas na TV. Existem
alguns parentes, tanto na telinha quanto no cotidiano, que mais se parecem
serpentes por causa de suas atitudes mesquinhas, maldosas e invejosas.
Mundos diferentes
Quando
se escolhe alguém, a família vem junto. Ninguém é obrigado a amar também os
familiares da pessoa com quem se relaciona. Entretanto, a identidade e história
do ser amado estão intimamente ligadas às relações familiares. Rejeitar esse
passado significa também negar algo que faz parte do parceiro.
"Todos
nós escolhemos nossos parceiros. E ninguém escolhe à toa. Nossa vivência
familiar influencia essas escolhas. Esse é outro motivo importante para
levarmos a sério a experiência familiar do outro", explica Gláucia Diniz.
O
maior desafio de todos os recém-casados, segundo Ivana Robalinho, é delimitar o
espaço conjugal e harmonizar os mundos diferentes que representam cada família.
"Cada parceiro carrega experiências, costumes, crenças e formas
diferenciadas de resolver os problemas", pontua.
O
amor pela família do outro pode não ser fundamental, mas o respeito é essencial
para a longevidade da relação. "Não gostar da família do parceiro apenas
representa um problema quando não se sabe lidar com as diferenças", diz
Ivana.
Quando
as coisas não vão bem entre a família e o parceiro, o caminho, segundo a
psicóloga, é tentar se colocar no lugar dele e entendê-lo. "É
imprescindível compreender o que o parceiro está sentindo e procurar
ajudá-lo", acrescenta.
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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”