Transtorno
que acomete profissionais que interagem de
forma ativa com pessoas.
O
termo Burnout é uma composição de burn =
queima e out = exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse
tipo de estresse consome-se física e
emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e
irritadiço. A expressão burnoutem inglês,
entretanto, significa aquilo que deixou de funcionar por completa falta de
energia, por ter sua energia totalmente esgotada, metaforicamente, aquilo que chegou ao seu limite máximo
.
A prevalência da Síndrome de Burnout ainda é incerta, embora os dados sugiram que acomete um número muito expressivo de pessoas. A epidemiologia da Síndrome de Burnout tem aspectos bastante curiosos, como mostrou o detalhado trabalho de Martinez, onde os primeiros anos da carreira profissional resultaram os mais vulneráveis ao desenvolvimento da síndrome.
A prevalência da Síndrome de Burnout ainda é incerta, embora os dados sugiram que acomete um número muito expressivo de pessoas. A epidemiologia da Síndrome de Burnout tem aspectos bastante curiosos, como mostrou o detalhado trabalho de Martinez, onde os primeiros anos da carreira profissional resultaram os mais vulneráveis ao desenvolvimento da síndrome.
Também
parece haver uma preponderância do
transtorno nas mulheres, possivelmente devido à dupla carga de trabalho que concilia a prática profissional e a tarefa
familiar. Com relação ao estado civil, tem-se associado à síndrome mais com
as pessoas sem parceiro estável. Com
muita frequência este quadro está associado a outros transtornos emocionais,
geralmente com a depressão e/ou
ansiedade. Esse transtorno tem importância na medida em que afeta a vida
pessoal, seja através das repercussões físicas desse estresse psíquico, seja no
comprometimento profissional quanto a eficiência e desempenho, seja social na desarmonia
dos relacionamentos interpessoais.
Como síndrome, o burnout seria o resultado da combinação entre as características individuais do paciente com as condições do ambiente ou do trabalho, o qual geraria excessivos e prolongados momentos de estresse no trabalho. Essa síndrome se refere a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (médicos, enfermeiros, psicólogos, professores).
De
fato, esta síndrome foi observada, originalmente, em profissões predominantemente
relacionadas a um contato interpessoal mais exigente, tais como médicos,
psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores,
atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento pessoal,
telemarketing e bombeiros. Hoje, entretanto, as observações já se
estendem a todos profissionais que
interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam e/ou solucionam problemas
de outras pessoas, que obedecem a técnicas e métodos mais exigentes, fazendo
parte de organizações de trabalho submetidas à avaliações.
Outros
autores, entretanto, julgam a Síndrome de Burnout algo
diferente do estresse genérico. Para nós, de modo geral, vamos considerar
esse quadro de apatia extrema e
desinteresse, não como sinônimo de algum tipo de estresse, mas como uma de
suas consequências bastante sérias. Definida
como uma reação à tensão emocional
crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante com o
trabalho, essa
doença faz com que a pessoa perca a maior parte do interesse em sua relação com
o trabalho, de forma que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço
pessoal passa a parecer inútil.
Entre
os fatores aparentemente associados ao desenvolvimento da Síndrome de
Burnout está a pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de
relacionamento com as chefias, problemas de relacionamento com colegas ou
clientes, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e
falta de cooperação da equipe.
Os
autores que defendem a Síndrome de Burnout como sendo
diferente do estresse, alegam que esta
doença envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários,
clientes, organização e trabalho, enquanto o estresse apareceria mais como um
esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente
na sua relação com o trabalho. No
Brasil, segundo o decreto 3.048 de 6 de maio de 1999, que fala sobre agentes
patogênicos causadores de doenças ocupacionais, a Síndrome de Burnout está classificada junto os Transtornos
Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho,
manifestando-se com a sensação de estar acabado. Neste caso a Síndrome
de Burnout aparece como sinônimo de Síndrome de Esgotamento Profissional.
Refletindo mais realisticamente sobre alguns preceitos culturais que envolvem o trabalho, tais como “o trabalho enobrece... etc.”, Dejours (1992) já afirmava que nem sempre o trabalho possibilita a realização profissional .
Algumas vezes o trabalho pode causar desde
insatisfação ou frustração, até a exaustão emocional.
Freudenberg foi um dos primeiros a
descrever essa síndrome em 1974, inicialmente constatando-a apenas em funcionários das equipes de saúde mental.
Observava que, com o passar do tempo, alguns desses funcionários apresentavam
uma síndrome composta por exaustão emocional e adaptativa, desilusão ou frustração
e vontade de isolamento social.
Os
sintomas básicos dessa síndrome seriam, inicialmente, uma exaustão emocional onde a pessoa sente que não pode mais dar nada de si mesma. Em seguida desenvolve sentimentos e atitudes muito negativas,
como por exemplo, um certo cinismo na
relação com as pessoas do seu trabalho e aparente insensibilidade afetiva.
Finalmente o paciente manifesta sentimentos de falta de realização pessoal no trabalho, afetando sobremaneira (excessivamente) a eficiência e habilidade para realização de tarefas e de adequar-se à organização.
Esta
síndrome é o resultado do estresse emocional incrementado na interação com
outras pessoas.
Algo diferente do estresse genérico, a Síndrome de Burnout geralmente
incorpora sentimentos de fracasso.
Seus principais indicadores são: cansaço emocional, despersonalização e falta de
realização pessoal.
Quadro Clínico
Quadro Clínico da Síndrome de Burnout
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1. Esgotamento emocional, com
diminuição e perda de recursos emocionais
2. Despersonalização ou
desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de
insensibilidade ou de cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no
serviço prestado.
3. Sintomas físicos de estresse,
tais como cansaço e mal estar geral.
4. Manifestações emocionais do
tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de
forma negativa, vivências de insuficiência profissional, sentimentos de
vazio, esgotamento, fracasso, impotência, baixa autoestima.
5. É frequente irritabilidade,
inquietude, dificuldade para a concentração, baixa tolerância à frustração,
comportamento paranóides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros e
para com a própria família.
6. Manifestações físicas: Como
qualquer tipo de estresse, a Síndrome
de Burnout pode resultar em Transtornos
Psicossomáticos. Estes, normalmente se referem à fadiga crônica, frequentes
dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão
arterial, taquiarritmias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso,
dores musculares e de coluna, alergias, etc.
7. Manifestações comportamentais:
probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café,
álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal,
distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do
ego, aborrecimento constante, atitude cínica, impaciência e irritabilidade,
sentimento de onipotência, desorientação, incapacidade de concentração,
sentimentos depressivos, frequentes conflitos interpessoais no ambiente de
trabalho e dentro da própria família.
|
Apesar
de não ser possível estabelecer uma fórmula mágica ou regra para análise do
estresse no trabalho devido a grande diversidade entre as empresas, vejamos
agora algumas situações mais comumente relacionadas ao estresse no trabalho, de
um modo geral.
Considera-se
a Síndrome Burnout como provável responsável pela desmotivação que sofrem os profissionais da
saúde atualmente. Isso sugere a possibilidade de que esta síndrome esteja
implicada nas elevadas taxas de
absenteísmo ocupacional que apresentam esses profissionais.
As pessoas propensas à Síndrome de Burnout são exatamente aquelas mais ativas. Os trabalhos apontam como características da personalidade das pessoas que mais apresentara a Síndrome de Burnout o seguinte: pessoas que se envolvem intensamente em tudo o que fazem, acreditam possuir domínio da situação, encaram as situações adversas com otimismo, responsabilizam-se exclusivamente pelo sucesso (ou insucesso).
Características
da personalidade (Fatores Individuais) associadas a altos índices de Burnout*
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Padrão
de Personalidade
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Pessoas
competitivas, esforçadas, impacientes, com excesso de necessidade em ter o
controle da situação, dificuldade de tolerância das frustrações.
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Envolvimento
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Pessoas
empáticas e agradáveis, sensíveis e humanos, com alta dedicação profissional,
altruístas, obsessivos, entusiasmados.
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Pessimismo
|
Costumam
destacar aspectos negativos, suspeitam sempre do insucesso, sofrem por
antecipação
|
Perfeccionismo
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Pessoas
muito exigentes com si mesmas e com os outros, intolerância aos erros,
insatisfeitas com os resultados.
|
Grande
expectativa profissional
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Pessoas
com grande chance de se decepcionarem
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Centralizadores
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Pessoas
com dificuldade em delegar tarefas ou para trabalhar em grupo
|
Passividade
|
Pessoas
sempre defensivas, tendem à evitação diante das dificuldades
|
Nível
educacional
|
São
mais propensas pessoas com maior nível educacional
|
Estado
civil
|
As
pessoas solteiras, viúvas ou divorciadas são mais propensas ao Burnout
|
*Trigo
TR, Teng CT, Hallak JEC, Síndrome de burnout ou estafa profissional e os
transtornos psiquiátricos, Rev. Psiq Clinica, vol.34, no.5, 2007.
|
para
referir: Ballone GJ - Síndrome de Burnout - in.
PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br,
revisto em 2009.
Referências
- Dejours, C – A loucura do trabalho. Ed. Cortes-Obore, SP, 1992
- Freudemberg H – Staff burnout, Journal of Social Issues, 30:159-165, 1974.
- Dejours, C – A loucura do trabalho. Ed. Cortes-Obore, SP, 1992
- Freudemberg H – Staff burnout, Journal of Social Issues, 30:159-165, 1974.
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