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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (Crianças e Adultos)


Introdução
A característica básica deste transtorno é a falta de persistência em atividades que requeiram atenção. Essas crianças tentam fazer várias coisas ao mesmo tempo e além de não acabarem nada, deixam tudo desorganizado. Este problema incide mais sobre meninos do que sobre meninas, sendo detectável em torno dos cinco anos de idade, ou antes, na maioria das vezes. O diagnóstico fica mais fácil depois que a criança entra para a escola, porque aí a comparação com outras crianças é natural, evidenciando-se o comportamento diferente. Mesmo aquelas crianças consideradas muito inquietas antes de entrarem para o colégio, podem ficar comportadas e participativas; somente as crianças com algum transtorno não se adaptam.

Características
Os três aspectos fundamentais são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade.
A desatenção é caracterizada pela dificuldade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares, dificuldade de manter a atenção mesmo nos jogos ou brincadeiras. A criança muitas vezes aparenta não escutar quando lhe dirigem a palavra, não seguir as instruções dadas e não terminar as tarefas propostas, dificuldade em organizar-se e evitação de atividades que exijam concentração, perda constantes de materiais próprios por distrair-se com facilidade perante estímulos alheios.

A hiperatividade caracteriza-se pelo constante mexer-se na cadeira, balançar as mãos e pés constantemente, abandonar a cadeira quando se esperava que permanecesse sentado, correr, escalar em demasia ou em situações onde isso seria inapropriado, falar em demasia, dificuldade de envolver-se silenciosamente em situações ou brincadeiras, dificuldade de permanecer realizando atividades mesmo que da preferência da criança como as atividades de lazer escolhidas por ele, dar a impressão de que está "sempre a mil".
A impulsividade caracteriza-se por dar respostas precipitadamente mesmo antes da pergunta ter sido completada, meter-se ou interromper as atividades dos outros e ter dificuldade de esperar a sua vez.

Crianças com déficit de atenção e hiperatividade costumam ser impulsivas e propensas a se acidentarem. Não tomam cuidado consigo mesmas nem com os outros, são socialmente desinibidas, sem reservas e despreocupadas quanto às normas sociais. Podem ser impopulares com outras crianças e acabam isoladas, sem se importarem aparentemente com isso. Como resultado da falta da persistência da atenção se atrasam no colégio e no desenvolvimento da linguagem. A hiperatividade torna-se aparente quando numa turma da mesma idade todos colaboram e a criança hiperativa acaba tendo que ser retirada por impedir o prosseguimento da atividade. Essas crianças obviamente não sabem o que se passa com elas mesmas, por isso não se justificam e ficam sendo consideradas problemáticas, indisciplinadas, mal-educadas e despertam antipatias entre as pessoas responsáveis pelos seus cuidados.


Considerações
A desatenção, a impulsividade e a hiperatividade podem resultar de problemas na vida dessas crianças e não necessariamente ser causada pelo déficit de atenção com hiperatividade, principalmente quando apenas parte dos sintomas estão presentes ou quando não se manifestam o tempo todo. O déficit de atenção se manifesta continuamente. Uma criança que se comporte inadequadamente dentro das características citadas somente em casa ou somente na escola possivelmente encontra problemas nesses locais e não apresenta o transtorno de déficit de atenção. Sistemas educacionais inadequados e problemas conjugais são as primeiras coisas a serem analisadas. Portanto, o contexto onde a criança vive, além dos sintomas, deve sempre ser considerado para o diagnóstico.

A maioria das pesquisas mostra que, em média, 67% de crianças diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) continuam tendo os sintomas quando adultos, interferindo em sua vida acadêmica, profissional, afetiva e social. A avaliação precoce e o tratamento adequado podem reduzir os sintomas significativamente. Vale ressaltar a importância de avaliarmos o TDAH em adultos, revisando-se as preocupações atuais, avaliação do nível de funcionamento na infância e no adulto, história de vida detalhada, avaliação de história de adaptação psicossocial, diagnóstico diferencial e avaliação intelectual, de comorbidades e das funções executivas.

O TDAH em adultos muitas vezes tem sido visto como uma doença camuflada, devido ao fato dos sintomas serem mascarados, ocorrendo problemas de relacionamento afetivo e inter-pessoal, de organização, problemas de humor, abuso de substâncias, ou seja, caracterizados pela comorbidade. Desta maneira, o diagnóstico se torna difícil e os adultos e, principalmente as mulheres, ficam sem diagnóstico e tratamento.

Alguns sintomas observados com freqüência no TDAH em adultos: Eles podem apresentar dificuldades com relações afetivas instáveis (separações, divórcios); instabilidade profissional que persiste ao longo da vida; rendimentos abaixo de suas reais capacidades no trabalho e na profissão; falta de capacidade para manter a atenção por um período longo; falta de organização (carente de disciplina); insuficiente capacidade para cumprir o que se comprometem; incapacidade para cumprir uma rotina; esquecimentos, perdas e descuidos importantes; depressão e baixa auto-estima; dificuldades para pensar e se expressar com clareza; tendência a atuar impulsivamente e interromper os outros; dificuldades de escutar e esperar sua vez de falar; freqüentes acidentes automobilísticos devido à distração; freqüente consumo de álcool e abuso de substância.

Alguns sintomas apesar de não constarem no manual oficial dos transtornos mentais, DSM, são vistos com freqüência, tais como a baixa auto-estima; sonolência diurna (dormir como uma pedra); "pavio curto" (mistura de impulsividade e irritabilidade); necessidade de ler mais de uma vez para "fixar" o que leu; dificuldade de levantar de manhã, de se "ativar" no início do dia; adiamento constante das coisas; mudança de interesse o tempo todo; intolerância a situações monótonas e repetitivas; busca constante por coisas estimulantes ou diferentes e variações freqüentes de humor.

Dificuldades específicas da função de atenção: Adultos com TDAH apresentam uma tendência pronunciada de distração, esquecimento, repetições de erros, além de perderem coisas, não recordarem o que acabaram de ler, de necessitarem perguntar muitas vezes o mesmo e evitarem sistematicamente toda leitura que não seja do seu interesse específico. Geralmente envolvem-se em atividades de pouca atenção e concentração por apresentarem tais dificuldades. Isso não significa não prestar atenção nunca, mas em muitas ocasiões, ou na maioria delas a pessoa está dispersa, "no mundo da lua" (Mattos, 2003).

No trabalho, custam a se organizar, permanecer atentas e terminar uma tarefa. O tempo que necessitam geralmente é muito maior do que se espera e rendem mais quando estão sozinhos. Mostram dificuldades também com a memória de trabalho, que permite os processos de comparação, processamento e emissão de uma resposta correta.

Adultos com TDAH não são críticos quanto a suas dificuldades de atenção e poucos se dão conta do problema. Isto acontece porque sempre foram dispersos e desatentos, erram repetidamente, perdem coisas, não recordam o que acabam de ler, necessitam perguntar várias vezes a mesma coisa e evitam leitura que não seja de seu interesse específico. E são capazes de dormir ou desligar diante de assuntos que não lhe interessam diretamente, indicando que são pessoas que padecem de um problema de atenção. Muitas vezes mostram uma clara dificuldade para conseguir o mínimo de concentração suficiente para manter qualquer atividade.

Ser detentor do diagnóstico de TDAH não significa que não preste atenção nunca, e, sim, que em muitas ocasiões, ou na maioria das vezes, o paciente está disperso. Em outros momentos, pode permanecer concentrado e ser constante numa tarefa. Mesmo que o problema seja crônico não quer dizer que esteja sempre presente. Isto remete ao que muitos autores colocam de que portadores de TDAH mostram a atenção flutuante: em determinados momentos são atentos e em outros não.

Para se fazer o diagnóstico de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade no adulto é necessário que ele tenha começado na infância, tenha durado pelo menos seis meses e prejudicado de forma significativa o desenvolvimento do paciente.

Diagnóstico
O diagnóstico é estabelecido pela presença das características fundamentais tendo iniciado pelo menos antes dos sete anos de idade. Pelos critérios norte americanos, são necessários no mínimo seis sintomas para a realização do diagnóstico, mas esse número está sendo revisto podendo vir a ser reduzido para cinco ou quatro sintomas uma vez que a intensidade de poucos sintomas muitas vezes é suficiente para causar prejuízos à criança.
A (OMS) Organização Mundial de Saúde, não especifica um número de sintomas para fazer o diagnóstico.

Tipos
três tipos classificados de (TDAH) Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade.

ü      Predomínio de sintomas de atenção
ü      Predomínio de sintomas de hiperatividade / impulsividade
ü      Misto

As crianças com predomínio de impulsividade e hiperatividade costumam ter mais problemas de socialização com outras crianças, justamente por serem mais agressivas do que as crianças com os outros dois tipos. O tipo misto apresenta mais a combinação com o transtorno oposicional desafiador, além de este apresentar maior prejuízo global de funcionamento.
  
Comorbidade (quando duas ou mais doenças estão etiologicamente relacionadas)
Os estudos mostram uma alta correlação do transtorno de déficit de atenção com os transtornos de conduta e oposicional desafiante, sendo que aproximadamente 30 a 50% das crianças com déficit de atenção com hiperatividade apresentam também esses outros diagnósticos.

No Brasil foi encontrada uma taxa de comorbidade de 47,8%. Outros transtornos são também mais comuns nessas crianças, como depressivos que variam de 15 a 20% . De ansiedade em torno de 25% e transtornos de aprendizagem também 25% aproximadamente. Dentre os adolescentes com déficit de atenção há uma maior incidência de abuso de drogas principalmente quando adultos. Este fato provavelmente é dependente da ligação com transtornos de conduta uma vez que se sabe que há uma relação entre distúrbios de conduta na infância e abuso de drogas no adulto.

Tratamento
O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos (Médico Psiquiatra), orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento.

A psicoterapia é indicada para o tratamento do TDAH, bem como o tratamento com fonoaudiólogo e avaliação psicopedagógica (em casos de TDAH em crianças com problemas de aprendizagem), são recomendados nos casos onde existe simultaneamente Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortografia). O TDAH não é um problema de aprendizado, como a Dislexia e a Disortografia, mas as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a inquietude atrapalham bastante o rendimento dos estudos. É necessário que os professores conheçam técnicas que auxiliem os alunos com TDAH a ter melhor desempenho.Em alguns casos é necessário ensinar ao aluno técnicas específicas para minimizar as suas dificuldades.

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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”

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