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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Síndrome das pernas inquietas


Síndrome das pernas inquietas, ou síndrome de Ekbom, é um distúrbio que se caracteriza por alterações da sensibilidade e agitação motora involuntária dos membros inferiores, mas que pode acometer também os braços nos casos mais graves. Em geral, os sintomas são mais intensos à noite e o paciente dorme mal ou quase não dorme. Como consequência, passa o dia sonolento, cansado, indisposto e irritado.

O fato de a síndrome manifestar-se predominantemente nos momentos de repouso, a qualidade de vida fica comprometida, uma vez que a pessoa não consegue ir ao cinema ou ao teatro, ver televisão, participar de uma reunião social ou de negócios, ou fazer viagens mais longas.

A síndrome das pernas inquietas é a mais comum das doenças do sono, da qual poucos ouviram falar. Afeta cerca de 7% da população e se caracteriza principalmente por uma profunda sensação desagradável nas pernas (gastura), nos ossos e, às vezes, como se fosse uma coceira ou friagem, choque, formigamento, e eventualmente dor. Estes sintomas são acompanhados de uma sensação de angústia e imensa necessidade de mover as pernas, ou ainda massageá-las, alongá-las ou mesmo "espancá-las" em algumas situações.

Sintomas

Os principais sintomas são: sensação de desconforto e necessidade premente de mover as pernas, dor, formigamento, arrepios, pontadas. A intensidade pode variar de leve a grave e diminui com o movimento. Em geral, eles se manifestam a noite e impedem que a pessoa tenha um sono reparador. Como consequência, no dia seguinte, ela está sonolenta, cansada, mais propensa a irritar-se facilmente e à depressão.

Cafeína em excesso e tabagismo pioram os sintomas.

Causas

A causa da síndrome não é bem conhecida. Sabe-se que, além da predisposição genética, a deficiência de dopamina e de ferro em áreas motoras do cérebro está associada à ocorrência de movimentos involuntários e repetitivos característicos da síndrome.

Diagnóstico

O diagnóstico é predominantemente clínico, fundamentado na descrição dos sintomas. Embora raramente essa síndrome tenha como causa uma polineuropatia, é indispensável avaliar os reflexos, a sensibilidade ao toque e a intensidade da dor.

A polissonografia e a dosagem dos teores de ferritina e tranferrina, substâncias que transportam o ferro no sangue periférico, são exames laboratoriais que ajudam a confirmar o diagnóstico.

Prevalência

A síndrome pode manifestar-se em qualquer faixa de idade. Mais rara na infância, acomete principalmente a população adulta e sua incidência aumenta com o envelhecimento.

Tratamento

Deve ser instituído quando os sintomas são graves durante o dia ou interferem no sono. Nos casos sintomáticos pode haver possibilidade de controle e real melhora na qualidade de vida.

Os aspectos relativos ao tratamento ainda são controversos. Não existe ainda nenhum medicamento específico para o tratamento da SPI. Nenhum medicamento ainda mereceu um enfoque multicêntrico, num desenho de pesquisa adequado e com observação em longo prazo. Não há estudos comparando diversos medicamentos na mesma população e que relacionem o tratamento com a qualidade de vida.

Quatro classes de medicamentos podem ser usadas:

Agentes dopaminérgicos
Opióides
Benzodiazepínicos
Anticonvulsivantes

A American Academy of Sleep Medicine reconhece que os agentes dopaminérgicos são as drogas que melhor resultado oferecem no tratamento da SPI.

A primeira droga usada foi a L-Dopa, mas apresenta uma alta incidência de efeitos colaterais.

Outras drogas, como a cabergolina, pergolida e principalmente o pramipexol têm efeitos colaterais menos intensos. Uma avaliação com a cabergolina mostrou que ela é eficaz no tratamento da SPI de grau moderado a grave.

O pramipexol é uma droga eficaz nos casos mais graves, é bem tolerada e tem sido usada mais amplamente. Apesar de já populares, principalmente nos Estados Unidos, os agonistas dopaminérgicos não foram submetidos a ensaios clínicos bem desenhados com número grande de pacientes e desfechos a longo prazo, considerando por exemplo a qualidade de vida e duração do período de eficácia. O tratamento com L-Dopa, por exemplo, é eficaz, porém em pouco tempo deixa de ser benéfico e conduz ao grave estado da Síndrome do Aumento (Augmentation).

Importante: o Departamento de Medicina e Biologia do Sono da UNIFESP (tel 11-2108-7633) atende pacientes com a síndrome pelo SUS.

Recomendações


  • Criança inquieta na hora de dormir, que chora, resmunga e mexe muito as pernas, pode não estar fazendo manha. Leve-a ao pediatra para afastar a possibilidade de ter desenvolvido os sintomas da síndrome das pernas inquietas; 
  • Da mesma forma, aja com os idosos. Não atribua a agitação e as queixas à perda das faculdades mentais. Sedá-los pode piorar muito o quadro, se o problema for a síndrome das pernas inquietas; 
  • O agravamento dos sintomas pode tornar insuportável a vida do portador da síndrome e da pessoa com quem divide a cama ou o quarto. Só o tratamento adequado é capaz de controlar as crises e aliviar os sintomas que, na maior parte das vezes, pioram à noite. Não se automedique; procure assistência médica especializada; 
  • O consumo de cafeína, álcool e cigarro é absolutamente desaconselhado. Faça um esforço e tente excluí-los do seu dia a dia; 
  • Medicamentos antidepressivos e neurolépticos podem desencadear uma síndrome semelhante à das pernas inquietas. Esteja atento.





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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”

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