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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ansiedade, Estresse e os Efeitos Gerados no Organismo

A era moderna é conhecida como a idade da ansiedade, referindo-se a agitação e aos transtornos da vida moderna. Porém, a ansiedade sempre esteve presente na vida do homem, desde a época dos homens das cavernas até hoje. É uma questão biológica. A diferença está na importância, através de estudos sobre os efeitos desta ansiedade no organismo e psiquismo humano, e a relação com o equilíbrio do peso corporal.

O que é Ansiedade?

A psicologia define a ansiedade, como um estado estressante que resulta da antecipação de perigo, gerando reação de alarme, fuga ou luta, que são componentes psicológicos que servem para ajudar a lidar efetivamente com os perigos reais e imediatos. Ela é um conjunto de manifestações somáticas que fazem o corpo ficar em alerta, segundo (Dratcu,1993), resultando no aumento da freqüência cardíaca e respiratória, tonturas, tensão muscular, náusea, sudorese e vazio no estômago.

As manifestações psicológicas geram apreensão, alerta, inquietude, hipervigilância, dificuldade de concentração e de conciliação do sono, entre outros. A ansiedade prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente prejudiciais, que possam afetar sua integridade pessoal, tanto física como moral. Desta forma, a ansiedade prepara o organismo a se defender. 

A ansiedade é uma reação natural e necessária para a autopreservação, mas não é um estado normal, e sim uma reação normal e autolimitada. No entanto,
quando a ansiedade persiste, ela pode ser psicologicamente e fisicamente prejudicial, transformando-se em patológica. Nesses casos, conhecidos como síndromes de ansiedade, torna-se necessário um tratamento específico.

Os Principais Distúrbios são:
Ansiedade generalizada;
Ansiedade induzida por drogas ou problemas médicos;
Ataque de pânico;
Distúrbio do pânico;
Distúrbios fóbicos, agorafobia, fobia social e fobia generalizada;
Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Qual a relação da Ansiedade com o Estresse?

Dr. Hans Selye, fisiologista austríaco, em 1936, descreveu que a ansiedade é um dos componentes afetivos do processo de estresse, que acaba ocorrendo quando a capacidade de resposta do individuo é excedida. É um componente atuante nas reações emocionais desencadeadas pelo estresse. O estresse era um termo usado na física, e significava o desgaste dos materiais. Em 1926, Hans Seyle, resolveu usá-lo no campo da saúde. Ele usou a palavra  para designar um mecanismo de defesa natural que o organismo aciona, quando percebe algo estranho, sendo um processo de resposta-adaptação (General Adaptation Syndrome).

Sintomas Gerais da Ansiedade

- Dores musculares;
- Incapacidade de relaxar;
- Sensação de bolo na garganta;
- Falta de ar ou sensação de fôlego curto;
- Exaustão mental e fadiga fácil;
- Boca seca;
- Sentir-se constantemente assustado ou preocupado;
- Náuseas e diarréias;
- Irritabilidade, agressividade e frustração;
- Vertigens e tonturas;
- Sensações conflitantes;
- Palpitações;
- Redução da capacidade de concentração;
- Nervosismo e abatimento;
- Impaciência;
- Incapaz de tomar decisões;
- Sudorese, mãos frias e úmidas;
- Demonstração de medos (desmaio, colapso);
- Polaciúria (aumento de número de urinadas);
- Ausência de sentir prazer ou alegria;
- Dificuldade em dormir e manter o sono.

Importante:
Recomenda-se a observar pelo menos “SEIS” dos sintomas descritos, quando freqüentemente presentes.

A Ansiedade e o Estresse afetam o controle do peso?

Existe uma compensação oral, uma sensação de prazer, que a comida preenche.
Mas não é somente o fator psicológico da compensação que afeta o controle de peso, existe um aumento de apetite, desencadeado por uma reação combinada de agentes químicos gerados pela ansiedade. É uma resposta fisiológica do organismo perante o estresse. (Hess, 1997) afirma que, no processo evolutivo, o cérebro recebeu uma programação para procurar substâncias de sabor doce, como fonte de nutrientes e energia. Receptores do sabor doce transmitem uma mensagem ao cérebro, que libera endorfinas. O aumento da liberação desse neurotransmissor provoca saciedade e bem-estar. Esse é um fator que explica
porque em períodos de tensão e ansiedade, muitas pessoas procuram substâncias doces.

Estima-se que dois terços dos obesos consomem carboidratos, não somente para aliviar a fome, mas para combater tensões, ansiedade, fadiga mental e depressão LAVIN et al. (1996). Indivíduos obesos consomem mais alimentos em situação de estresse emocional. Essa teoria, chamada de Modelo Psicossomático da Obesidade (Faith  et al, 1997), afirma que as pessoas obesas, principalmente mulheres, comem excessivamente como mecanismo compensatório em situações de ansiedade, depressão, tristeza e raiva (MATCH, 2003).

Resposta fisiológica do organismo em contato com a ansiedade

A glândula de secreção (hipófise), situada no centro do cérebro, produz mais hormônio adrenocorticotrófico (ACTH); este estimula a glândula supra-renal a produzir mais hormônio cortisol (uma cortisona natural). O hormônio cortisol em excesso, inibe a produção da substância leptina, que age  no hipotálamo, regulando o apetite. Ele também age aumentando a retenção de líquidos e, o acúmulo de gordura. Outro fator é a dopamina, o neurotransmissor das sensações de recompensa e prazer; descobriu-se que pessoas com receptores normais de dopamina não engordam com facilidade, em compensação as com o centro de controle em desequilíbrio, descontam na comida a busca da sensação de prazer imediata.

Os sintomas da ansiedade variam de pessoa para pessoa, entretanto, por causa de alterações biológicas ou hormonais e por fatores sociais, mulheres apresentam mais ansiedade, depressão, desordens somáticas e distúrbios alimentares, em relação aos homens (LINZER, 1996).

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Transtorno Afetivo Bipolar

O que é?

O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva.

Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada.
Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar.

Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva. A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia.

Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco, tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro.

O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor.

A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.


Aspectos do Transtorno Bipolar

      
O transtorno bipolar é uma doença crônica, recorrente e, se não for tratada, pode se tornar incapacitante. Caracteriza-se pela alternância nos estados de humor, entre fases de depressão e euforia (mania), intercaladas por períodos de normalidade.
       
  A fase eufórica consiste em uma exaltação do humor que ocorre sem nenhuma relação com o momento que a pessoa está vivendo. Em geral, a mudança é súbita, mas o indivíduo não percebe, porque o seu senso crítico também se encontra alterado.
       
  Nesta fase, os sintomas variam desde exaltação do humor, euforia, aceleração do pensamento e da fala, diminuição da necessidade de sono, exacerbação da sexualidade, comprometimento da crítica até a irritabilidade, agressividade e dificuldade de controlar adequadamente os impulsos.

Em casos de maior gravidade, o paciente apresenta delírios de conteúdo de grandeza, poder ou ainda de perseguição, podendo inclusive apresentar alucinações.

A fase de mania pode expor o paciente a vários riscos, como dirigir em alta velocidade, abusar de álcool ou drogas e gastar excessivamente, tornando por vezes, difícil o convívio social.
       
Na fase de depressão, é notável a diminuição do interesse ou prazer, podem ocorrer mudanças no apetite e no peso, insônia ou em alguns casos hipersônia, perda de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, diminuição da capacidade de concentração, pensamentos recorrentes de morte, podendo levar até o suicídio.
         
O transtorno bipolar tem uma etiologia multifatorial, isto é apresenta uma vulnerabilidade genética e biológica que se manifesta quando o indivíduo é submetido a estressores físicos, sociais e psicológicos.
          
Existem pesquisas que sugerem que seja herdado, relacionado a uma falta de estabilidade na transmissão dos impulsos, tornando os portadores desse transtorno mais vulneráveis às tensões emocionais. No que se refere à etiologia da doença, podemos concluir que os aspectos biopsicossociais desempenham um papel importante no desencadeamento da doença.

Vale a pena destacar que apesar da questão genética do transtorno bipolar, os eventos estressantes da vida são os desencadeadores das crises que acometem as pessoas que sofrem com este transtorno.
        
Apesar de ser uma doença crônica e de haver necessidade de controle durante toda a vida, é necessário desestigmatizar a doença, já que existe tratamento que oferece condições para que essas pessoas tenham uma vida normal e produtiva.
       
Hoje em dia, já existe a possibilidade de por fim ao desespero dos que sofrem com este transtorno, tanto a medicação que é essencial ao tratamento quanto à terapia oferecem esperança de uma melhor qualidade de vida para os bipolares.


"A vida é um sonho, acordar é o que nos mata" (Virginia Woolf).

Aos leitores desse artigo, gostaria de sugerir a leitura do texto completo (conforme link abaixo), pois me ative a destacar os pontos mais importantes desse tipo de transtorno, no intuito de torná-lo breve e de fácil compreensão. Àqueles que tiverem curiosidade, vale a pena ler uma breve biografia da vida e da obra de Virginia Woolf, uma das maiores escritoras do século XX, que aos treze anos começou a apresentar os sintomas do que hoje seria diagnosticado, como transtorno afetivo bipolar. Embora tendo vivido entre constantes oscilações de humor, teve uma vida profissional bastante produtiva, Virginia Woolf foi romancista e crítica literária, sua obra inclui 9 romances e 40 contos, 2 biografias ficcionais e 1 verdadeira, aproximadamente 500 ensaios, 4000 cartas e quase 50 anos de diários.

Mesmo tendo uma vida profissional bem sucedida, as crises depressivas a acometiam, principalmente quando estava terminando um livro ou próxima a lançá-lo, queixava-se de sintomas físicos como enxaqueca e insônia        .
        
Infelizmente a psiquiatria da época ainda não dispunha de condições adequadas para o tratamento efetivo do Transtorno Bipolar. Em fevereiro, de 1941, Virginia Woolf começou a ter crises de desespero e em 28 de março do mesmo ano, acabou suicidando-se, morreu afogada em um rio após encher os bolsos de pedras. Deixou uma carta ao marido, onde dizia ter voltado a ouvir vozes e que não suportaria mais outra crise.

http://www.artigonal.com/psicologiaauto-ajuda-artigos/virginia-woolf-a-dificil-arte-de-viver-entre-a-esperanca-e-o-desespero-aspectos-do-transtorno-bipolar-1566225.html

sábado, 10 de setembro de 2011

TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo

TOC, ou transtorno obsessivo-compulsivo é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade descrito no “Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais” da Associação de Psiquiatria Americana, que se caracteriza pela presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões.

Obsessões podem ser definidas como eventos mentais, tais como: pensamentos, idéias, impulsos e imagens, vivenciados como intrusivos e incômodos. Como produtos mentais, as obsessões podem ser criadas a partir de qualquer substrato da mente, tais como palavras, medos, preocupações, memórias, imagens, músicas ou cenas.

Compulsões são definidas como comportamentos ou atos mentais repetitivos, realizados para diminuir o incômodo ou a ansiedade causados pelas obsessões ou para evitar que uma situação temida venha a ocorrer. Não existem limites para a variedade possível das obsessões e das compulsões.

Sintomas

Preocupar-se excessivamente com limpeza, lavar as mãos a todo o momento, revisar diversas vezes portas, janelas ou o gás antes de deitar, não usar roupas vermelhas ou pretas, não passar em certos lugares com receio de que algo ruim possa acontecer depois, não sair de casa em determinadas datas, ficar aflito caso os objetos sobre a escrivaninha não estejam dispostos de uma determinada maneira, são alguns exemplos de ações popularmente consideradas “manias” e que, na verdade, são sintomas de um transtorno: oTranstorno Obsessivo-Compulsivo, ou TOC .

Considerado raro, até há pouco tempo, o TOC é uma doença bastante comum, acometendo, aproximadamente, um em cada 40 ou 50 indivíduos.

No Brasil, é provável que existam entre 3 a 4 milhões de portadores. Muitas dessas pessoas, embora tenham suas vidas gravemente comprometidas pelos sintomas, nunca foram diagnosticadas e mais dificilmente ainda, tratadas.

Talvez a maioria desconheça o fato de esses sintomas constituírem uma doença para a qual, de uns anos para cá, já existem tratamentos bastante eficazes.

O TOC é considerado uma doença mental grave por vários motivos: está entre as dez maiores causas de incapacitação, de acordo com a Organização Mundial de Saúde; acomete preferentemente indivíduos jovens ao final da adolescência – e muitas vezes começa ainda na infância – sendo raro seu início depois dos 40 anos; geralmente é crônica e, se não tratada, na maioria das vezes se mantêm por toda a vida.

Os sintomas raramente desaparecem por completo: o mais comum, quando não é realizado nenhum tratamento, é que apresentem flutuações ao longo da vida, aumentando e diminuindo de intensidade, mas estando sempre presentes em algum grau.

Em aproximadamente 10% dos casos, tendem a um agravamento progressivo, podendo incapacitar os portadores para o trabalho e acarretar sérias limitações à convivência com a família e com as outras pessoas, além de submetê-los a um grande e permanente sofrimento.

A ST (Síndrome de Tourette) é diagnosticada quando o paciente apresenta múltiplos tiques motores e ao menos um tique vocal, por um período mínimo de um ano no qual os tiques não estiveram ausentes por mais de três meses consecutivos.

Pacientes com TOC associado a tiques apresentam mais freqüentemente obsessões de agressividade e sexuais, além de compulsões de simetria, ordenação e arranjo, colecionismo.

Felizmente, têm sido desenvolvidos novos métodos de tratamento, utilizando medicamentos e psicoterapia, que conseguem reduzir os sintomas e, muitas vezes, eliminá-los completamente.


Quando suspeitar ser um portador de TOC
     
Caso você responda positivamente a alguma das questões seguintes é provável que seja portador do TOC

*Sua mente é invadida por pensamentos, impulsos, palavras, frases, música, ou imagens que não deseja, que o incomodam e não consegue afastar ?
*Preocupa-se demais com germes, contaminação, sujeira, ou doenças?
*Preocupa-se demasiadamente em ter certeza ou fazer as coisas de forma absolutamente perfeita, tendo por isso sempre muitas dúvidas, e a necessidade de repeti-las?
*Necessita lavar as mãos repetidamente ou de forma excessiva ?
*Tem necessidade de tomar vários banhos ao dia por se sentir sujo, contaminado ou por sentir culpa por algo que considera ter feito de errado ou imoral?
*Verifica portas, fogão, janelas, gás, torneiras, eletro-doméstico ou outras coisas de forma excessiva?
*Necessita fazer coisas de forma repetida e sem sentido (tocar, contar, repetir números, palavras ou frases?
*Preocupa-se demais em que as coisas estejam simétricas, perfeitas, organizadas ou alinhadas?

Se você identificou  um ou mais dos sintomas citados, procure um profissional especializado e peça uma avaliação.

Usualmente não é difícil identificar uma obsessão, pelo seu caráter intrusivo, repetitivo, involuntário, pelos temas comuns e pela aflição associada. Da mesma forma os rituais ou compulsões são fáceis de serem identificados pelo seu caráter estranho e repetitivo. Mas boa parte da população desconhece que são manifestações de um transtorno e na verdade envergonham-se do que consideram uma fraqueza, além do sofrimento que o transtorno lhes impõe. Os profissionais da área da saúde têm um importante papel de esclarecimento ainda mais que a maioria dos pacientes respondem favoravelmente aos tratamentos disponíveis e de forma bastante rápida. Sem tal auxílio muitos pacientes podem se tornar indivíduos incapacitados ou terem seu desempenho comprometido, acarretando além disso um enorme prejuízo às famílias que necessitam fazer acomodações aos seus sintomas.


Associação de familiares, amigos e pessoas com Transtorno Obsessivo Compulsivo e Síndrome de Tourette do Rio de Janeiro

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Doenças Psicossomáticas


“O Homem é sem dúvida um ser emocional, pois somos Espíritos. Somos seres emocionais, e neste inter-relacionamento entre corpo e espírito, verificamos a necessidade de começarmos a controlar nossos sentimentos e emoções. As doenças psicossomáticas são oriundas de nosso inconsciente, ou seja, daquelas emoções desagradáveis que permanecem em nós; são emoções mal resolvidas e que chamaremos de “lixo interior”, que ficam aguardando oportunidade de reciclagem, ou seja, de transformação”. (ad)



A psicossomática é uma ciência interdisciplinar que integra diversas especialidades da medicina e da psicologia para estudar os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas. O termo também pode ser compreendido, tal como descreve Mello Filho, como "uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática, a prática de uma medicina integral".

A palavra psicossomática, na visão dos profissionais de saúde que compreendem o ser humano de forma integral, não pode ser compreendida como um adjetivo para alguns tipos de sintomas, pois tanto a medicina quanto a psicologia estão percebendo que não existe separação ideal entre mente, corpo, alma e espírito, que transitam nos contextos sociais, familiares, profissionais e relacionais. Então, psicossomática é uma palavra substantiva que pode ser empregada para qualquer tipo de sintoma, sejam eles, físico, emocional, psíquico, espiritual, profissional, relacional, comportamental, social ou familiar.



Na visão junguiana ou da psicologia integral, todo sintoma é psicossomático e pode ser um meio para que o processo do autoconhecimento possa acontecer. Entre outras possibilidades de interpretação de conflito postuladas pela corrente psicanalítica, que poderiam ser citadas, incluem-se as dificuldades de dar (expelir) e reter (absorver) explicitadas por Alexander (Alexander e Selesnick o.c.) nas doenças gastrointestinais; as concepções de que a mente, por não conseguir resolver ou conviver com um determinado conflito emocional, passa a produzir mecanismos de defesa com o propósito de deslocar a dificuldade e/ou "ameaça" psíquica para o corpo, chegando mesmo a indução de mutações físicas, oriundas do afeto doloroso e os fatores associados à depressão, inicialmente interpretadas por Freud como associadas à perda do objeto amado e ao luto

Segundo Mello Filho (2005 o.c.) a expressão doença psicossomática foi utilizada inicialmente para referir-se apenas a certas doenças como a úlcera péptica, asma brônquica,  hipertensão arterial e colite ulcerativa, onde as correlações psicofísicas eram muito nítidas, posteriormente foi-se percebendo que tal concepção é potencialmente válida para todas as doenças.

Apesar dessa possível generalização já imaginada por Freud quando fez a recomendação que todo médico além de sua especialidade deveria ser treinado em psicanálise, o conceito de doença psicossomática persiste face à evidente relação de algumas patologias com fatores emocionais ou psicológicos como por exemplo:



" Não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros." (Confúncio)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Felicidade é um investimento


Especialistas afirmam que a felicidade é possível. Mas quais são as atitudes práticas para atingir este estado de espírito tão subjetivo?

Estar cheio de problemas, contar tostões para pagar as contas no fim de cada mês, questões de saúde e eventuais crises pessoais não significam necessariamente infelicidade! Estranho? Mas é verdade. Pesquisas recentes demonstram que é possível ser feliz sem depender apenas de fatores externos.
Susan Andrews, Psicóloga americana e autora do livro “A ciência de ser feliz”, define a felicidade como: “a combinação entre o grau e a freqüência de emoções positivas; nível médio de satisfação durante um longo período; e ausência de sentimentos negativos, tais como a tristeza e raiva”. Ou seja, a felicidade é, antes de tudo, uma opção, desde que aceitemos ser feliz aqui e agora, sendo quem somos e com o que temos.


Por outro lado, faz parte da vida estar alegre e triste, embora a felicidade esteja para além desses estados emocionais transitórios. E, nesse caso, a simplicidade pode contribuir para a felicidade, o que não significa abrir mão de todos os bens materiais, mas distinguir entre o que traz satisfação autêntica e duradoura, e o que pouco ou nada realiza.

Questão subjetiva


Por depender de valores subjetivos, a felicidade tem caminhos diferentes para cada pessoa. Desde o nascimento até a morte, permanecemos numa autêntica descoberta sobre o que queremos para cada um de nós e o que vale a pena viver! Se para uns a felicidade pode ser equivalente a satisfazer a necessidade de consumir mais e mais, outros valorizam aspectos relacionados a realização profissional e pessoal. São sempre questões subjetivas. Para encontrar o caminho para a felicidade de cada um, o melhor é estar atento aos momentos que propiciem relaxamento, bem-estar e paz, onde nos sentimos integrados conosco.







Na verdade, cada um deve olhar para dentro de si, e não procurar fora. Podem ser coisas simples, como passear à beira rio ou um jantar em família. A chave é valorizar esses momentos e dar espaço para que se repitam.






Felicidade é um investimento


Outro fator indispensável é dedicar tempo e energia à felicidade, seja usando as crises a favor de si próprio, seja fazendo aquilo que mais prazer os oferece. Manter-se numa zona de conforto pode prolongar a infelicidade, seja num casamento ou num emprego que não se gosta, etc. Segundo Susan Andrews é possível aprender a ser feliz em todas as situações da vida, sem depender de coisas conquistadas! “É uma escolha porque depende de conquistar espaço para fazer coisas que se gosta.”




Felicidade e resiliência

É evidente que os problemas não desaparecem com a simples decisão de ser feliz. Perdas e crises vão acontecer sempre, embora se vividos plenamente e sem fugas, é provável que se fique mais forte. Nesses casos, a felicidade implica ser capaz de superar os momentos tristes e as perdas. Depois de um episódio traumático, como, por exemplo, a perda de um ente querido, o bem-estar emocional deve voltar, gradualmente. Segundo os manuais de psiquiatria, ao fim de seis meses deverá sentir-se melhor, com níveis de satisfação mais elevados. Praticar a resiliência – a capacidade de recuperar frustrações – e o prazer em viver parece ser a receita mais eficiente para uma vida feliz.


Desejo, Necessidade, Vontade...


O bom senso, que normalmente pensa mal, associa a compra boa e feliz a quando alguém adquire o que lhe é necessário, em especial, se pertencer à trinca das necessidades humanas fundamentais: saúde, educação e moradia. Essa fórmula do “politicamente correto” funciona ao nível da necessidade, mas nem sempre ao nível do desejo. Desejar é ter um desejo sempre de outra coisa, afirmava Jacques Lacan. (Jacques-Marie Émile Lacan (Paris13 de abril de 1901 — Paris, 9 de setembro de1981 foi um psicanalista francês).

Os exemplos chocam: para terror da patroa, sua cozinheira comprou uma boneca de presente de natal para sua filha, empenhando a própria bicicleta. Para desespero da esposa, seu marido pagou cinqüenta mil dólares no carrinho de brinquedo que faltava à sua coleção. Para desconsolo da viúva, sua filha gastou todo o 13º salário, em uma viagem para uma ilha semi-selvagem. Afirmar que esses fatos só ocorrem em um sistema de capitalismo selvagem, corruptor de mentes fracas, hipnotizador perverso e aliciador do consumismo suicida, é acreditar em utopias.

As condições de escolha de um objeto, como também de uma pessoa são sempre muito estranhas aos olhos dos outros; é o que fez Fernando Pessoa escrever que todas as cartas de amor são ridículas. Os tempos de hoje, da globalização, são ainda mais propícios às expressões singulares de cada pessoa, aumentando a taxa de estranheza das escolhas. Isso porque estamos em um tempo no qual não há padrões fixos do que se deve fazer, ou do como se pode ter prazer corretamente. Aumenta muito a responsabilidade de cada um de com quem está, em que lugar, e com o que.

Está com os dias contados o exibicionismo do objeto de luxo para mostrar poder e exclusividade, a questão não é mais de impressionar o outro, mas de, como um artista, fazer sua opção subjetiva, e incluí-la no mundo.

Felicidade não tem preço, diz a sabedoria popular, não no sentido de ser muito cara, mas de que não é “precificável”, de que nunca se acha o justo valor. Os objetos da pura necessidade espera-se que sejam gratuitos, pois se nos puseram nesse mundo, que nos cuidem, ensinem e abriguem; já os objetos de desejo, que cada um responda.

O ser humano é insatisfeito por natureza, porque não há nada no mundo que consiga responder integralmente ao que se quer. Essa é a diferença entre querer e desejar. Querer, normalmente, é algo que todo mundo compreende – quero tomar água, quero dormir, quero me proteger do frio. Querer, normalmente, veicula uma necessidade. Desejar, no entanto, é algo que ninguém compreende; é algo muito particular, singular de cada um. Jamais temos uma resposta que nos satisfaça completamente. Essa é a base da criação, ou a base do sofrimento.

Em Psicanálise, quando um desejo é realizado, são momentos raros, são momentos fulgurantes, são momentos em que a pessoa tem a sensação de uma quase morte; os franceses chegam a chamar o orgasmo de uma “pequena morte” – uma sensação como se estivesse no olho de um furacão, uma sensação de querer se agarrar ao outro. Isso passa. E o que vem depois? Pode vir uma depressão de algo perdido, pode vir uma vontade de ir além, de reinventar esse prazer tão rápido, que é a realização de um desejo.

O desejo é uma força que move o ser para as conquistas, sejam elas pessoais ou aquelas que mudam a história da humanidade. Obviamente, é possível alcançar aquilo que não se deseja, mas apenas quando há a intervenção do acaso.

É também “função” do desejo anestesiar nossa auto-estima e nossas emoções para que não sintamos tanto a dor da queda e da frustração durante a caminhada que nos levará ao lugar almejado. E a estrada que percorremos rumo às conquistas é iluminada pelo desejo. Ele torna o caminho claro. Faz-nos enxergar nitidamente o alvo, mesmo que a distância seja longa.

A característica do desejo descrita acima pode fazer com ela seja confundida com a fé. Mas elas, embora se complementem, não são forças sinônimas. A fé é a vontade ardente por algo associado à certeza de que o conquistaremos. Já o desejo puro e simples – além de ter o mesmo condão da fé – é responsável pela manutenção da coisa que conquistamos, pois se o desejo se apagar, a perderemos.

Mas a força do desejo não é garantia de que ele permanecerá aceso constantemente. Para ilustrar essa situação humana, irei utilizar como exemplo a história da Raposa e o Cacho de Uvas: A raposa, faminta, viu um cacho de uvas. Mesmo estando com água na boca e seu estômago roncando, o animal desistiu de ir colher as uvas, justificando: “estão verdes” (paráfrase da fábula de Ésopo). Na verdade, as uvas estavam maduras, mas também muito altas, o que exigiria esforço da raposa para alcançá-las. Apesar do desejo provocado pela fome, a raposa perdeu a motivação para colher as uvas.

Esse exemplo demonstra também que há pessoas que não aproveitam a força existente no desejo para superar obstáculos. Sem desejo é praticamente impossível obter grandes vitórias. Além disso, se ele não se mantiver, perderemos as coisas que lutamos arduamente para conseguir. Desejo é uma força inigualável, mas há a necessidade de ser contínua.


sábado, 27 de agosto de 2011

Parabéns a todos os Psicólogos pelo nosso dia!

Juramento oficial do Psicólogo

Art. 3º - Fica estabelecido o seguinte texto para o juramento:

“Como psicólogo, eu me comprometo a colocar minha profissão a serviço da sociedade brasileira, pautando meu trabalho nos princípios da qualidade técnica e do rigor ético. Por meio do meu exercício profissional, contribuirei para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão na direção das demandas da sociedade, promovendo saúde e qualidade de vida de cada sujeito e de todos os cidadãos e instituições.”


JURAMENTO DO CURSO DE PSICOLOGIA

“Juro valer-me do conhecimento que me foi dado como instrumento de mudança e de construção de um mundo onde o homem possa realizar-se em liberdade. Prometo envolver-me com o meu semelhante no espaço que existe entre teorizar a vida e viver a vida, porque acredito ser nesse espaço que psicólogos e clientes se encontram e se transformam mutuamente. Prometo não me isolar dentro da psicologia, mais dela partir para uma realidade mais abrangente, onde eu possa enxergar o homem no seu contexto social e político e onde o meu trabalho tenha um sentido mais real e justo, observando sempre dispositivos legais e éticos da profissão.”

Obstáculos - Razões de alguns dos nossos fracassos (Jorge Bucay)


Obstáculos - Jorge Bucay
“Este texto que estou a reproduzir aqui não é na realidade um conto, mas antes uma meditação guiada, delineada em forma de sonho destinado a explorar as verdadeiras razões de alguns dos nossos fracassos. Permito-me sugerir-lhe que o leia atentamente, tentando deter-se uns instantes em cada frase, visualizando cada situação”. (Jorge Bucay)

Vou caminhando por uma vereda.
Deixo que os meus pés me levem.
Os meus olhos pousam-se nas árvores, nos pássaros, nas pedras.
No horizonte recorta-se a silhueta de uma cidade.
Fixo nela o olhar para a distinguir bem.
Sinto que a cidade me atrai.
Sem saber como, dou-me conta de que nesta cidade posso encontrar tudo o que desejo.


Todas as minhas metas, os meus objetivos e os meus logros.
As minhas ambições e os meus sonhos estão nesta cidade.
Aquilo que quero conseguir, aquilo de que necessito, aquilo
que eu mais gostaria de ser, aquilo a que aspiro, aquilo que tento, aquilo pelo que trabalho, aquilo que sempre ambicionei, aquilo que seria o maior dos meus êxitos.
Imagino que tudo está nessa cidade.
Sem duvidar, começo a caminhar até ela.




Pouco depois de começar a andar, a vereda põe-se a subir pela encosta acima.
Canso-me um pouco, mas não importa.
Sigo.
Avisto uma sombra negra, mais adiante, no caminho.
Ao aproximar-me, vejo que uma enorme vala impede a minha passagem.
Receio… Duvido.
Desgosta-me não conseguir alcançar a minha meta facilmente.
De todas as maneiras, decido saltar a vala.
Retrocedo, tomo impulso e salto…
Consigo passá-la.

Recomponho-me e continuo a caminhar.
Uns metros mais adiante, aparece outra vala.
Volto a tomar impulso e também a salto.
Corro até à cidade: o caminho parece desimpedido.
Surpreende-me um abismo que detém o meu caminho.
Detenho-me.
É impossível saltá-lo.
Vejo que num dos lados há tábuas, pregos e ferramentas.

Dou-me conta de que estão ali para construir uma ponte.
Nunca fui habilidoso com as minhas mãos…
… penso em renunciar.


Olho para a meta que desejo… e resisto.
Começo a construir a ponte.
Passam horas, dias, meses.
A ponte está feita.
Emocionado, atravesso-a e ao chegar ao outro lado… descubro o muro.
Um gigantesco muro frio e úmido rodeia a cidade dos meus sonhos…
Sinto-me abatido…




Procuro a maneira de o evitar.
Não há forma.
Tenho de o escalar.
A cidade está tão perto…
Não deixarei que o muro impeça a minha passagem.
Proponho-me trepar.
Descanso uns minutos e tomo ar…





Rapidamente vejo, de um lado do caminho,
uma criança que olha para mim como se me conhecesse.
Sorri-me com cumplicidade.
Faz-me vir à memória como eu próprio era… quando criança.

Talvez por isso me atrevo a expressar em voz alta a minha queixa.
— Porquê tantos obstáculos entre o meu objetivo e eu?
A criança encolhe os ombros e responde-me.
— Porque me perguntas a mim?
Os obstáculos não existiam antes de tu chegares… Foste tu que trouxeste os obstáculos.

Jorge Bucay - Contos para pensar - Cascais, Editora Pergaminho, 2004


    

Jorge Bucay, Argentino, 1949, é um  psicoterapêuta, psicodramatista e escritor. Seus livros já venderam mais de 2 milhões de cópias em todo o mundo e foram traduzidos em mais de dezessete idiomas. Em 1973, graduou-se como médico da Universidade de Buenos Aires , e especializado em doenças mentais no Hospital Pirovano, Buenos Aires e na clínica Santa Mónica. Atualmente, ele define seu trabalho como ajudante profissional. Ele divide sua atenção entre assistir a conferências de ensino terapêutica, que o levaram ao redor do mundo, ea escrita dos seus livros, que ele considera ferramentas terapêuticas.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sandra Tonsa - Psicóloga: Psicologia x Mitologia – O significado do Tridente...

Sandra Tonsa - Psicóloga: Psicologia x Mitologia – O significado do Tridente...: A letra "Psi " O símbolo adotado pela Psicologia corresponde a vigésima terceira letra do alfabeto grego , cujo significado é PSI. A este ...

O Tridente Ψ, Símbolo da Psicologia e Sua Relação com Mitos e Religiões

A letra "Psi" O símbolo adotado pela Psicologia corresponde a vigésima terceira letra do alfabeto grego, cujo significado é PSI.  A este prefixo “PSI” adicionou-se o sufixo “QUE” formando a palavra “PSIQUE”, que em outras palavras significa: estudo da alma. O termo grego psychein ("soprar"), é uma palavra ambígua que significava originalmente "alento" e posteriormente, "sopro". Dado que o alento é uma das características da vida, a expressão "psique" era utilizada como um sinônimo de vida e por fim, como sinônimo de alma, considerada o princípio da vida. A psique seria então a "alma das sombras" por oposição à "alma do corpo".

O termo adquiriu outros significados ao longo do tempo, a exemplo do apresentado na peça Psyché, de Molière. Pode-se destacar ainda a versão de Jean de La Fontaine (1621 — 1695), no romance Os Amores de Psique e Cupido, além das versões clássicas como de Apuleio (125 - 180), Eros e Psique (Metamorfose: livros IV, V e VI), entre outras.

Relevante para a psicanálise é a versão mítica, utilizada por Sigmund Freud, ao propor a utilização dos termos Eros e Tânato em seu livro Além do princípio do prazer (1922). A psicologia, mesmo inadvertidamente, traz essa carga semântica, à sua definição. Inicialmente a Psicologia surgiu voltada para o estudo da alma, mas com a influência do positivismo no contexto mundial, a Psicologia só poderia ser considerada ciência natural, caso possuísse um objeto de estudo que não fosse metafísico (imperceptível aos sentidos humanos) e que estivesse contido nas dimensões temporais e espaciais.  Assim, a “alma” não poderia mais ser o objeto de estudo da Psicologia que aspirava tornar-se ciência. A “alma” não podia ser observada e nem mensurada, portanto, não atendia aos requisitos científicos estabelecidos pela corrente positivista.

O Behaviorismo Metodológico, veio para resolver este impasse e finalmente elevar a Psicologia ao status de ciência.  Watson propôs que o objeto de estudo da Psicologia não deveria ser a alma, mas sim todo comportamento observável.  Hoje, o símbolo “PSI” representa o tripé que sustenta a ciência do comportamento em suas três vertentes: A corrente comportamentalista, a corrente psicanalítica e a corrente humanista.

Estudar psicologia sem entender o significado profundo do seu símbolo representativo significa perder um elemento essencial para sua compreensão. Inicialmente, é importante lembrar que além de ser o símbolo, é também uma das letras do alfabeto grego, correspondente ao fonema "psi" e ao número 17. Embora este seja o começo da explicação sobre seu significado, não podemos esquecer que a letra "psi" tem toda uma história e está associada a realidades muito profundas, expressadas através da mitologia.



A letra "psi" é o principal símbolo representativo de Deus Possêidon (ou Netuno em Latin). Possêidon significa "senhor das águas", é o Deus das águas, mas principalmente, das águas subterrâneas e submarinas. De acordo com a Mitologia, após a vitória dos Deuses sobre os Titãs, o universo, foi dividido em três reinos, um para cada irmão: Possêidon obteve o domínio do mar. Zeus, a maior autoridade do Olimpo, ganhou domínio sobre o céu e a terra e Hades sobre os infernos e o mundo subterrâneo e vulcânico.

Possêidon nem sempre foi muito dócil à superioridade e autoridade de seu irmão Zeus. Possêidon percorria as ondas sobre uma carruagem tirada por seres monstruosos, meio cavalo meio serpente ou por cavalos. Seu cortejo era formado por peixes e delfins e criaturas marinhas de todas as espécies. Eram jogados touros vivos no mar como sacrifício a Deus. Possêidon Reina em seu império líquido, a maneira de um "Zeus marinho", tendo por cetro e arma o tridente, que dizem ser tão terrível quanto o raio. Uma concepção mais antiga de Possêidon é o de "sacudidor da terra", o que corresponde a uma ação de baixo para cima, isto é, uma atividade exercida do seio da terra por uma divindade subterrânea. Quando a terra treme devido á força de Possêidon, tudo que está apoiado sobre a terra é destruído.

O tridente era usado por Possêidon como arma de guerra, ao varar o coração de seu adversário com esta arma, ganhava o poder sobre sua alma. Mais profundamente, as águas representavam emoções e o mar os mistérios do inconsciente. Na mitologia Hindu, representava a destruição da ignorância humana, com o tridente trishula de Shiva e suas três pontas: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva (o equilíbrio). Em culturas antigas é visto como símbolo sagrado que denota divindade, fertilidade e virilidade. Em religiões africanas como Candomblé e Umbanda, o tridente é um dos símbolos de Exu, que é orixa do movimento. É uma representação tripolar da energia positiva, negativa e neutra que ele vibra.

As três pontas do Tridente representam as três pulsões: Sexualidade, Autoconservação e Espiritualidade (Auto-realização) e, fonte de todos os desejos facilmente exaltados e da natureza imanente. A Sexualidade e a Auto conservação são forças indispensáveis para a vida, mas que também representam o perigo da perversão e a fraqueza essencial que pode possuir o homem. Sobre o conceito de espiritualidade como pulsão, Leonardo Boff em seu livro "A Águia e a Galinha" menciona textualmente o seguinte: "A vida espiritual possui em nós o estatuto de uma energia originária. De um instinto com a mesma cidadania que o instinto sexual, o instinto de saber, o instinto de poder, o instinto de violar os tabus e o instinto de transcender".

Note, não se trata de um instinto qualquer, entre tantos, mas de um instinto fundamental, articulador de todos os demais. A Pulsão da Espiritualidade também pode ser comparada ao "Impulso para a auto realização" defendido por Carl Rogers e os existencialistas e também a "necessidade de evolução" defendida por algumas teorias religiosas. Ainda de acordo com conceito das 3 pontas do Tridente, da tríade de forças, como não lembrar da divisão Freudiana do sistema psíquico em: Inconsciente, Pré-consciente e Consciente (1ª tópica - Até 1914) e em: Ego, Id e Superego (2ª Tópica - Após 1914)?

Atualmente, há diversas teorias estruturais da mente de diferentes escolas de pensamento, que embora não tenham participado da escolha do símbolo, traduzem uma representação moderna para a Nova PsicologiaAo compará-lo com a teoria de Jung, por exemplo, as três pontas do tridente podem ser relacionadas com o Inconsciente, Subconsciente e o Consciente, e sua haste o Inconsciente Coletivo. Ou, seguindo a teoria de Freud, podemos associar as três pontas ao Ego, Id e ao Superego. Também representa o tripé que sustenta a ciência do comportamento em suas três vertentes: A corrente comportamentalista, a corrente psicanalítica e a corrente humanista.

O tridente, sempre esteve ligado a canalização e direcionamento das forças que movimentam e transformam a consciência. Todos nós precisamos trabalhar estas três forças para alcançar um completo equilíbrio físico, mental e emocionalA partir disso, podemos concluir que o símbolo da psicologia é essencialmente o símbolo das forças do mundo inconsciente, que podem levar-nos à loucura e a morte ou até os estados mais perfeitos do equilíbrio psíquico.

Autoria desconhecida
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