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sexta-feira, 13 de março de 2015

Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)

A compulsão alimentar atinge homens e mulheres


O que é?

O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) foi descrito pela primeira vez nos anos 1950. Contudo, sua elevação à categoria diagnóstica apenas ocorreu em 1994, quando foi incluído no apêndice B do DSM IV, com critérios provisórios para seu diagnóstico. Trata-se de uma síndrome caracterizada por episódios recorrentes de compulsão alimentar, sem qualquer comportamento de compensação para evitar um possível ganho de peso. Incertezas quanto a seus parâmetros diagnósticos como caracterização da quantidade de alimentos ingeridos, duração de um episódio de comer compulsivo, ou mesmo o valor da perda de controle sobre a ingestão alimentar, tornam difíceis uma homogeinização de um grupo sindrômico. Desta forma, estudos epidemiológicos podem revelar diferentes dados de caracterização da população portadora deste transtorno. Isto reforça a necessidade da manutenção de estudos para avaliação desta patologia.

Como eu sei se sofro de compulsão alimentar?

Estudos demonstraram variabilidades consideráveis no comportamento alimentar de comedores compulsivos tanto durante os episódios de compulsão alimentar como nos intervalos. Este comportamento foi descrito como caótico diferindo dos indivíduos portadores de bulimia nervosa (BN) e obesos sem TCAP (Grilo, 2002). Os portadores de TCAP apresentaram baixos relatos de dietas restritivas quando comparados a pacientes com BN, que alternam entre compulsões e restrições alimentares. Os episódios compulsivos variavam quanto à hora em que costumam ocorrer com perda de controle, a hora sem esta perda e/ou perda de controle sem o consumo de uma grande quantidade de alimentos (Grilo, 2002).

Além disso, a compulsão alimentar também é acompanhada por sentimentos de angústia subjetiva, incluindo vergonha, nojo e/ou culpa. Alguns autores afirmam que um comedor compulsivo abrange no mínimo dois elementos: o subjetivo (a sensação de perda de controle) e o objetivo (a quantidade do consumo alimentar). Há um consenso geral no aspecto subjetivo da compulsão para seu diagnóstico, contudo, há controvérsias em relação ao aspecto objetivo, quanto ao tamanho e à duração de uma compulsão. Esta incerteza é refletida numa definição
imprecisa da grandeza de um episódio de compulsão alimentar, sobre uma quantidade que é definitivamente maior do que a maioria das pessoas comeria e, além disso, seu critério de duração também é polêmico. Diferentemente da bulimia nervosa, onde uma compulsão é claramente concluída por comportamento purgativo, no TCAP, não há uma terminação lógica; consequentemente, a duração tem sido designada num período de duas horas, uma solução claramente insatisfatória (Stunkard, 2003).

O TCAP pode ser distinguido da BN em alguns pontos. Os portadores de TCAP costumam apresentar índice de massa corporal (IMC) superior aos portadores de bulimia nervosa (Geliebter, 2002). Além disso, a história natural da BN geralmente revela a ocorrência de dietas e perda de peso, enquanto que os comportamentos prévios do TCAP são mais variáveis (Striegel, 2001). Assim, pacientes com BN mostram maiores níveis de restrição alimentar comparados aos portadores de TCAP (Grilo, 2000).

Há evidências de que pacientes com TCAP ingerem significativamente mais alimentos do que as pessoas obesas sem compulsão alimentar (Goldfein, 1993). O TCAP pode ocorrer em indivíduos com peso normal e indivíduos obesos. A maioria tem uma longa história de repetidas tentativas de fazer dietas e sentem-se desesperados acerca de sua dificuldade de controle da ingestão de alimentos. Alguns continuam tentando restringir o consumo de calorias, enquanto outros abandonam quaisquer esforços de fazer dieta, em razão de fracassos repetidos. Em clínicas para o controle de peso, os indivíduos são, em média, mais obesos e têm uma história de flutuações de peso mais acentuada do que os indivíduos sem este padrão (Spitzer; 1993).

O estresse é um fator que pode levar ao aumento das compulsões alimentares. Durante situações estressantes, o cortisol é liberado estimulando a ingestão de alimentos e o aumento do peso (Gluck, 2001). Estudo realizado por Geliebter et al. demonstrou que pessoas obesas têm uma capacidade gástrica maior do que as pessoas com peso normal, o que poderia limitar a quantidade de alimentos ingeridos e de saciedade. Segundo o mesmo autor, desconhece-se a existência de um transtorno alimentar que tenha sido predisposto por uma grande capacidade gástrica (Geliebter, 2002).

Estima-se a prevalência em TCAP numa dimensão variada, em parte devido à variação das definições de compulsão (Stunkard, 2003). Estimativas recentes de prevalência do TCAP na população americana indicam que 2% a 3% dos adultos em amostras comunitárias são portadoras do comer compulsivo. Entre os pacientes obesos que procuram tratamento clínico para perda de peso, os índices de prevalência variam de 5% a 30% (Grilo, 2002; Sptizer,1993). No Brasil, Appolinário (1995), Coutinho (2000) e Borges (1998), encontraram uma prevalência entre 15% e 22% em pacientes que procuravam tratamento para emagrecer. Entre os pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica, esta prevalência pode variar de 27% a 47% (Waldden, 2001; Smith,1998). Aproximadamente 20% das pessoas que se identificam como possuidoras de compulsão alimentar possuem diagnóstico de TCAP (Stunkard, 2003; Napolitano, 2001)

Em termos dos componentes psicológicos do transtorno, os pacientes com TCAP possuem autoestima mais baixa e preocupam-se mais com o peso e a forma física do que outros indivíduos que também possuem sobrepeso sem terem o transtorno (Zwaan;1997) O comportamento alimentar no TCAP é caracterizado pela ingestão de grande quantidade de alimentos em um período de tempo delimitado (até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o quê ou o quanto se come. Para caracterizar o diagnóstico, esses episódios devem ocorrer pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, associados a algumas características de perda de controle e não acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso (Spitzer ,1993; Apa,1994).

Quem tem compulsão alimentar, também costuma, durante a compulsão:

Comer muito mais rapidamente que o normal
Comer até se sentir desconfortavelmente “cheio”
Comer grandes quantidades de comida mesmo sem fome
Comer sozinho por se sentir vergonha
Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou muita culpa após ter comido excessivamente




Qual a causa?

Qual a diferença entre o TCAP e a Bulimia nervosa?

Pessoas com Bulimia Nervosa (BN) também sofrem episódios de compulsão alimentar, mas depois provocam o vômito, tomam laxantes ou remédios para emagrecer, se exercitam em excesso ou passam longos períodos em jejum tentando “compensar” as calorias a mais. Porém, é importante lembrar que 10% das pessoas com bulimia nervosa acabam parando nos comportamentos compensatórios e preenchendo critérios para o diagnóstico de TCAP.

Como é o tratamento?

O melhor tratamento parece ser a Terapia cognitivo-comportamental associada ou não a medicamentos. É parte essencial da terapia cognitivo-comportamental é a análise de como o quadro surgiu e o que está mantendo-o ativo.



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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”

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