As
anfetaminas são drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso central, isto é, fazem o cérebro trabalhar mais depressa,
deixando as pessoas mais “acesas”, “ligadas” com “menos sono”, “elétricas”,
etc. É chamada de rebite
principalmente entre os motoristas que precisam dirigir durante várias horas
seguidas sem descanso, a fim de cumprir prazos pré-determinados. Também é
conhecida como bolinha por
estudantes que passam noites inteiras estudando, ou por pessoas que costumam
fazer regimes de emagrecimento sem o acompanhamento médico.
Nos
USA, a metanfetamina (uma anfetamina) tem sido muito consumida na forma fumada
em cachimbos, recebendo o nome de “ICE”
C gelo).
A
metanfetamina (MA) é uma droga estimulante do sistema nervoso central (SNC),
muito potente e altamente viciante, cujos efeitos se manifestam no sistema
nervoso central e periférico. A metanfetamina tem-se vulgarizado como droga de
abuso devido aos seus efeitos agradáveis intensos tais como a euforia, aumento
do estado de alerta, da auto-estima, do apetite sexual, da percepção das
sensações e pela intensificação de emoções. Por outro lado, diminui o apetite,
a fadiga e a necessidade de dormir.
Não
há uso médico da metanfetamina. Drogas da família das anfetaminas, como o
metilfenidato, são usados para tratamento de algumas doenças, como a
narcolepsia, e o Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em
crianças e adultos. Porém, o potencial de dependência do metilfenidato é muito
baixo. A
metanfetamina possui um grande potencial de dependência, e a sua utilização
crônica pode conduzir ao aparecimento de comportamentos psicóticos e violentos,
além de outros transtornos mentais como depressão, e principalmente,
dependência química de díficil tratamento.
Outra
anfetamina, metilenodióximetanfetamina (MDMA), também conhecida pelo nome de “Êxtase”, tem sido uma das drogas com
maior aceitação pela juventude inglesa e agora, também, com um consumo
crescente nos USA.
As
anfetaminas são drogas sintéticas, fabricadas em laboratório. Não são,
portanto, produtos naturais. Foi sintetizada pela primeira vez em 1887, na
Alemanha. Quarenta anos mais tarde começou a ser usada pelos médicos para
aliviar fadiga, alargar as passagens nasais e branquiais e estimular o sistema
nervoso central. Em 1932, a droga foi lançada na França com o nome de
Benzedrine, na forma de inalador indicado como descongestionante nasal. Em
1937, foi comercializada na forma de comprimido para elevar estados de humor.
Durante a Segunda Guerra Mundial foi utilizada pelas tropas alemãs para
reforçar a resistência e eliminar a fadiga de combate.
O controle da comercialização iniciou por volta do
ano de 1970, quando as anfetaminas passaram a ser consideradas drogas psicotrópicas,
por causar um estado de grande excitação e sensação de poder, dependendo da
dosagem. As anfetaminas provocam dependência física e psíquica, o uso frequente
pode ocasionar tolerância à droga e diante da suspensão poderá ocorrer também a
síndrome de abstinência.
Existem
várias drogas sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas e como cada uma
delas pode ser comercializada sob a forma de remédio, por vários laboratórios e
com diferentes nomes de fantasia, temos um grande número destes medicamentos,
conforme mostra a tabela.
Tabela – Nomes
comerciais de alguns medicamentos à base de drogas do tipo anfetamina, vendidos
no Brasil. Dados obtidos do Dicionário de Especialidades Farmacêuticas – DEF –
ano 1996/1997.
Droga do tipo Anfetamina Produtos (remédios comerciais)
vendidos nas farmácias
|
Dietilpropiona
ou Anfepramona Dualid S;
Hipofagin S; Inibex S; Moderine
|
Fenproporex Desobesi-M; Lipomax AP; Inobesin
cloridrato de Sibutramina Reductil |
Mazindol Dasten;
Fagolipo; Absten-Plus; Diazinil; Dobesix
|
Metanfetamina Pervitin*
|
Metilfenidato Ritalina
|
*
Retirado do mercado brasileiro, mas encontrado no Brasil graças à importação
ilegal de outros países sul-americanos. Nos USA cada vez mais usado sob o nome
de ICE.
As
anfetaminas são facilmente encontradas em farmácias e usadas principalmente em
regimes de emagrecimento e como estimulante, pois inibe a fome e proporciona
euforia, maior resistência e melhor concentração, porém as farmácias são
obrigadas a vendê-las sob prescrição médica.
As
anfetaminas agem de uma maneira ampla afetando vários comportamentos do ser
humano. A pessoa sob sua ação tem insônia (isto é, fica com menos sono)
inapetência (ou seja, perde o apetite), sente-se cheia de energia e fala mais
rápido ficando “ligada”. Assim, o motorista que toma o “rebite” para não
dormir, o estudante que ingere “bolinha” para varar a noite estudando, um
gordinho que as engole regularmente para emagrecer ou ainda uma pessoa que se
injeta com uma ampola de Pervitin ou com comprimidos dissolvidos em água para
ficar “ligadão” ou ter um “baque” estão na realidade tomando drogas
anfetamínicas.
A
pessoa que toma anfetaminas é capaz de executar uma atividade qualquer por mais
tempo, sentindo menos cansaço. Este só aparece horas mais tarde quando a droga
já se foi do organismo; se nova dose é tomada as energias voltam embora com
menos intensidade. De qualquer maneira as anfetaminas fazem com que um
organismo reaja acima de suas capacidades exercendo esforços excessivos, o que
logicamente é prejudicial para a saúde. E o pior é que a pessoa ao parar de
tomar sente uma grande falta de energia (astenia) ficando bastante deprimida, o
que também é prejudicial, pois não consegue nem realizar as tarefas que
normalmente fazia antes do uso dessas drogas.
Efeitos no resto do corpo
As
anfetaminas não exercem somente efeitos no cérebro. Assim, agem na pupila dos
nossos olhos produzindo uma dilatação (o que em medicina se chama midríase);
este efeito é prejudicial para os motoristas, pois à noite ficam mais ofuscados
pelos faróis dos carros em direção contrária. Elas também causam um aumento do
número de batimentos do coração (o que se chama taquicardia) e um aumento da
pressão sanguínea. Aqui também podem haver sérios prejuízos à saúde das pessoas
que já têm problemas cardíacos ou de pressão, que façam uso prolongado dessas
drogas sem o acompanhamento médico, ou ainda que se utilizarem de doses
excessivas
Efeitos tóxicos
Se
uma pessoa exagera na dose (toma vários comprimidos de uma só vez) todos os
efeitos acima descritos ficam mais acentuados e podem começar a aparecer
comportamentos diferentes do normal: ela fica mais agressiva, irritadiça,
começa a suspeitar de que outros estão tramando contra ela: é o chamado delírio
persecutório. Dependendo do excesso da dose e da sensibilidade da pessoa pode
aparecer um verdadeiro estado de paranóia e até alucinações. É a psicose
anfetamínica. Os sinais físicos ficam também muito evidentes: midríase
acentuada, pele pálida (devido à contração dos vasos sanguíneos) e
taquicardia. Essas intoxicações são graves e a pessoa geralmente precisa ser internada até a desintoxicação completa. Às vezes durante a intoxicação a temperatura aumenta muito e isto é bastante perigoso pois pode levar a convulsões. Finalmente trabalhos recentes em animais de laboratório mostram que o uso continuado de anfetaminas pode levar à degeneração de determinadas células do cérebro. Este achado indica a possibilidade de o uso crônico de anfetaminas produzir lesões irreversíveis em pessoas que abusam destas drogas.
taquicardia. Essas intoxicações são graves e a pessoa geralmente precisa ser internada até a desintoxicação completa. Às vezes durante a intoxicação a temperatura aumenta muito e isto é bastante perigoso pois pode levar a convulsões. Finalmente trabalhos recentes em animais de laboratório mostram que o uso continuado de anfetaminas pode levar à degeneração de determinadas células do cérebro. Este achado indica a possibilidade de o uso crônico de anfetaminas produzir lesões irreversíveis em pessoas que abusam destas drogas.
Aspectos Gerais
Quando
uma anfetamina é continuamente tomada por uma pessoa, esta
começa a perceber com o tempo que a droga faz a cada dia menos efeito; assim, para obter o que deseja, precisa ir tomando a cada dia doses maiores. Há até casos que de 1-2 comprimidos a pessoa passou a tomar até 40-60 comprimidos diariamente. Este é o fenômeno de tolerância, ou seja, o organismo acaba por se acostumar ou ficar tolerante à droga. Discute-se até hoje se uma pessoa que vinha tomando anfetamina há tempos e parar de tomar, apresentaria sinais desta interrupção da droga, ou seja, se teria um Síndrome de abstinência. Ao que se sabe algumas pessoas podem ficar nestas condições em um estado de grande depressão, difícil de ser suportada; entretanto, isto não é uma regra geral, isto é, não aconteceria com todas as pessoas.
começa a perceber com o tempo que a droga faz a cada dia menos efeito; assim, para obter o que deseja, precisa ir tomando a cada dia doses maiores. Há até casos que de 1-2 comprimidos a pessoa passou a tomar até 40-60 comprimidos diariamente. Este é o fenômeno de tolerância, ou seja, o organismo acaba por se acostumar ou ficar tolerante à droga. Discute-se até hoje se uma pessoa que vinha tomando anfetamina há tempos e parar de tomar, apresentaria sinais desta interrupção da droga, ou seja, se teria um Síndrome de abstinência. Ao que se sabe algumas pessoas podem ficar nestas condições em um estado de grande depressão, difícil de ser suportada; entretanto, isto não é uma regra geral, isto é, não aconteceria com todas as pessoas.
Informações sobre consumo
O
consumo destas drogas no Brasil chega a ser alarmante, tanto que até a
Organização das Nações Unidas vem alertando o Governo brasileiro a respeito.
Por exemplo, entre estudantes brasileiros do 1º e 2º graus das 10 maiores
capitais do país, 4,4% revelaram já ter experimentado pelo menos uma vez na
vida uma droga tipo anfetamina. O uso frequente (6 ou mais vezes no mês) foi
relatado por 0,7% dos estudantes. Este uso foi mais comum entre as meninas. Outro
dado preocupante diz respeito ao total consumido no Brasil: em 1995 atingiu
mais de 20 toneladas, o que significa muitos milhões de doses.
Ritalina (metilfenidato) é a alternativa medicamentosa mais comum para TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e hiperatividade. Uma das preocupações mais usuais quando se tem um diagnóstico de TDAH – ou mesmo quando há apenas desconfiança diz respeito ao uso de medicação. Perguntas comuns são: Vou tomar Ritalina? Preciso mesmo tomar o remédio? O remédio vicia? É para sempre?
Recentemente, tem havido diversas críticas à aumento muito elevado (mais que 1.000% de aumento no Brasil) na prescrição de medicação para crianças, especialmente Ritalina (metilfenidato). Hoje, o Brasil é segundo pais que mais consome Ritalina no mundo. Além disso, o consumo por não-portadores de TDAH, vendas ilegais pela internet, abuso por jovens em baladas ou para melhores resultados em provas ou no trabalho, já assumiram proporções muito assustadoras e assemelhadas a outras situações de tráfico de drogas. Uma simples pesquisa pelo Google mostra como é fácil comprar Ritalina pela internet.
A faixa preta sempre assusta. É uma reação extremamente comum, devido a perguntas não respondidas, medos não resolvidos, preconceitos e falta de informação. É preciso conhecer mais sobre os tratamentos, as especificidades de cada um e, no caso da medicação, as indicações e efeitos colaterais do tratamento para TDAH com Ritalina ou outros remédios para TDAH, Hiperatividade e outras das queixas associadas.
Se fizer tratamento para TDAH com medicação / Ritalina, precisarei fazer outros tratamentos?
A medicação é uma alternativa que pode trazer muitos benefícios, por atuar diretamente sobre o funcionamento cerebral. Contudo, é preciso ter claro que as complicações associadas ao TDAH, hiperatividade, impulsividade não se reduzem a estas alterações.
Habilidades, competências, hábitos e padrões comportamentais são desenvolvidos ao longo dos anos, por processos de aprendizagem e treinamentos (conscientes ou não). Devido às alterações do TDAH, esta aprendizagem - especialmente durante a infância - é comprometida. Quando se introduz a medicação, a capacidade de controle do foco da atenção e outras funções executivas melhoram. Isto, porém, não é suficiente para desenvolver todas as habilidades necessárias nem construir novos hábitos e formas de agir.
De um modo geral, tratamentos exclusivamente baseados em medicação, mesmo que tragam efeitos positivos de curto prazo, no médio e longo prazo se mostram insuficientes para atender às necessidades, especialmente com organização, planejamento, cumprimento de prazos, auto-controle, equilíbrio emocional, capacidade de relacionamentos, entre outros. Há uma expressão muito usada a este respeito: "Pilulas não ensinam habilidades".
Isto é especialmente verdadeiro no caso de crianças que são diagnosticadas após 10 ou 11 anos de idade. Muitas delas, devido à distração ou hiperatividade próprias do TDAH, tiveram seu processo de alfabetização comprometido, bem como os primeiros desenvolvimentos do raciocínio lógico-matemático e das capacidades mais incipientes de organização e realização de tarefas. Neste caso, um tratamento exclusivamente medicamentoso serviria para reduzir a agitação - facilitando assim os períodos em sala de aula e reduzindo as queixas da escola - porém não traria ganhos ao seu desenvolvimento escolar, pois o próprio aproveitamento já sofre os efeitos do déficit de conteúdos e competências. Assim, é fundamental entender as necessidades envolvidas e certificar-se que o plano de tratamento levou-as em conta.
Vou usar medicação / Ritalina no meu tratamento?
Esta é uma resposta que não pode ser dada antecipadamente. A Ritalina (metilfenidato) é uma das medicações mais comuns para TDAH - distração, hiperatividade e impulsividade, mas não é a única. A decisão em prescrever Ritalina – ou outra medicação indicada – é baseada em uma análise das particularidades do caso em questão. O tratamento de TDAH não é definido a priori, antes de uma avaliação extensa – ou, pelo menos, jamais deveria ser.
Considerando que o tratamento medicamentoso tenha sido recomendado, ainda assim esta continua sendo uma decisão pessoal. Algumas pessoas preferem não tomar medicação sempre que possível – o que não se limita à Ritalina. Pessoas assim tendem a preferir outras alternativas de tratamento, deixando a medicação como último recurso.
Cabe aos profissionais envolvidos com o cliente apresentar um leque de possibilidades, com seus prós, contras, possíveis consequências e efeitos desejados no curto e longo prazo, para que a melhor escolha possa ser feita. Se o paciente sentir-se insatisfeito ou inseguro com as prescrições e recomendações dos profissionais que o atenderem, deve procurar uma segunda (ou até mesmo terceira) opinião. O tratamento de TDAH é de longo prazo, portanto o paciente precisa estar seguro a respeito das decisões tomadas.
CEBRID
- Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
Link para o artigo original: www.dda-deficitdeatencao.com.br/tratamento/medicacao.html - Escrito por Cacilda Amorim, Diretora Clínica do IPDA (Instituto Paulista de Déficit de Atenção).
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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”