A Serotonina desempenha um papel no organismo é como um neurotransmissor no cérebro. A falta de serotonina no organismo pode resultar em carência de emoção racional, sentimentos de irritabilidade e menos valia, crises de choro, alterações do sono e uma série de outros problemas emocionais.
Para
nosso propósito, entendemos que a Serotonina é uma substância chamada de neurotransmissor
e existe naturalmente em nosso cérebro. Sua função é conduzir a transmissão de uma célula nervosa (neurônio)
para outra. Quimicamente a serotonina
ou 5-hidroxitriptamina (5-HT) é uma indolamina,
produto da transformação do aminoácido
L-Triptofano.
O triptofano, conhecido
também como 5-HTP
(5-hidroxitriptofano), é um nutriente encontrado em alimentos ricos em proteínas, como carne, peixe, peru e laticínios. Sua importância na psiquiatria
deve-se ao fato de ser o precursor direto da serotonina. Atualmente a serotonina
está intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos antidepressivos agem produzindo um aumento da
disponibilidade dessa substância no espaço entre um neurônio e outro.
A
serotonina influi sobre quase todas as funções cerebrais, inclusive estimulando
o sistema GABA (ácido
gamaminobutírico) e, embora seja apenas um, entre centenas de outros
neurotransmissores do cérebro, atualmente a
serotonina é considerada um dos mais importantes deles. Os níveis de
serotonina determinam se a pessoa está deprimida, propensa à violência,
irritada, impulsiva ou gulosa.
Assim
como a serotonina pode elevar o humor e
produzir uma sensação de bem-estar, sua falta no cérebro ou anormalidades em seu
metabolismo têm sido relacionado a condições neuropsíquicas bastante sérias,
tais como o Mal
de Parkinson, Distonia neuromuscular, Mal de Huntington, tremor familiar,
síndrome das pernas inquietas, problemas com o Sono, etc. Problemas psiquiátricos, tais como depressão,
ansiedade, agressividade, comportamento compulsivo, problemas afetivos,
dentre outros, também têm sido associados ao mau funcionamento do sistema
serotoninérgico.
Com
essa base fisiológica, alguns pesquisadores afirmam que aumentando-se os precursores naturais da serotonina pode-se,
seguramente, elevar seus níveis e aliviar a depressão, dor e o desejo por
carboidratos. O triptofano tomado
como suplemento dietético pode ser eficaz contra a depressão e completar a
ação dos antidepressivos tradicionais. O triptofano
pode ser encontrado em altas concentrações na semente de um legume chamado Griffonia simplicifolia, encontrado
no Oeste da África. O leite e seus derivados também são
fontes de 5HTP, assim como a carne de
peru. Outras fontes de triptofano:
requeijão,
carne, peixe, banana, tâmara, amendoim, todos os alimentos ricos em proteínas.
Serotonina e o
Humor
Em
meados desse século a medicina começou a suspeitar ser muito provável existirem
substâncias químicas atuando no metabolismo cerebral capazes de proporcionar o
estado depressivo. Isso resultou, nos conhecimentos atuais dos
neurotransmissores e neuroreceptores, muitíssimo relacionados à atividade
cerebral.
De
fato, alguns neurotransmissores, notadamente a serotonina, noradrenalina e dopamina,
estão muito associados ao estado afetivo
das pessoas. As pesquisas que inicialmente procuraram embasar a teoria de
que a depressão depende (também) de baixos níveis de serotonina, tomaram como
ponto de partida a observação de que uma
dieta livre de triptofano, a ponto de produzir um pico plasmático muito baixo
deste aminoácido, resultava em um estado depressivo moderado (Charney). O triptofano,
como vimos acima, é um precursor natural da serotonina.
Também
foram realizados testes em pacientes
gravemente deprimidos, bem como em pacientes
suicidas, constatando-se baixíssimos níveis da serotonina no líquido espinhal dessas pessoas. Assim sendo, hoje em dia é mais correto acreditar que o paciente deprimido não é
apenas uma pessoa triste, aliás, alguns deprimidos nem tristes ficam, sendo mais certo acreditar que o deprimido
seja uma pessoa com um transtorno da afetividade, concomitante ou
proporcionado por uma alteração nos neurotransmissores e neuroreceptores.
O transtorno
afetivo mais típico é a Depressão com todo seu quadro clínico
conhecido, e são vários os fatores que contribuem para sua causa - entre eles
destaca-se cada vez mais a importância
da bioquímica cerebral. Os quadros
ansiosos do tipo Pânico, Fobias, Somatizações ou mesmo a Ansiedade
Generalizada são problemas afetivos muito frequentes, e já se aceita
que todos eles tenham como base psíquica as alterações da Afetividade.
Os
antidepressivos
são drogas que aumentam o tônus psíquico
melhorando o humor e, consequentemente, melhorando o desempenho da pessoa de maneira global. Acredita-se
que o efeito antidepressivo se dê às custas de um aumento da disponibilidade de
neurotransmissores no SNC (Sistema Nervoso Central), notadamente da serotonina (5-HT), da noradrenalina ou norepinefrima (NE) e
da dopamina (DA). Ao bloquearem
receptores 5HT2 da serotonina os antidepressivos também funcionam como drogas antienxaqueca.
O local de
ação dos antidepressivos, principalmente os tricíclicos, é no Sistema Límbico aumentando a
noradrenalina e a serotonina na fenda sináptica Este aumento da
disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica é conseguido através
da inibição na recaptação destas aminas pelos receptores pré-sinápticos.
Parece
haver também, com o uso prolongado dos antidepressivos
tricíclicos, uma diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo
Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a liberação de
noradrenalina. Desta forma, quanto menor o número destes receptores mais noradrenalina estaria disponível na
fenda sináptica.
Portanto,
dois mecanismos relacionados à recaptação; um inibindo diretamente a recaptação
e outro diminuindo o número dos receptores. Importa, em relação à
farmacocinética dos antidepressivos tricíclicos, o conhecimento do período de
latência para a obtenção dos resultados terapêuticos.
O
aumento de neurotransmissores na fenda sináptica se dá através do bloqueio da
recaptação da noradrenalina e da serotonina no neurônio pré-sináptico ou ainda,
através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO) que é a enzima responsável pela
inativação destes neurotransmissores.
Será,
portanto, nos sistemas noradrenérgico o serotoninérgico do Sistema Límbico o
local de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos
da afetividade.
De
modo geral a serotonina regula o humor, o sono, a atividade sexual, o apetite,
o ritmo circadiano, as funções neuroendócrinas, temperatura corporal,
sensibilidade à dor, atividade motora e funções cognitivas.
Para
se ter uma noção da influência bioquímica sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar dos efeitos da cocaína, por exemplo. Trata-se de um produto químico
atuando sobre o cérebro e capaz de produzir grande sensação de alegria, ou
seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química. Outros
produtos químicos, ou a falta deles, também podem proporcionar alterações
emocionais.
Por
outro lado, os Transtornos da Ansiedade,
principalmente o Transtorno Obsessivo-Compulsivo
e o Transtorno do Pânico, também estariam relacionados à Serotonina, tanto assim que o
tratamento para ambos também é realizado às custas de antidepressivos, os quais aumentam
a disponibilidade de Serotonina no Sistema Nervoso Central. Nesses estados
ansioso, um outro neurotransmissor, a noradrenalina,
também estaria diminuído.
A
ação terapêutica das drogas antidepressivas tem lugar no Sistema Límbico, que é o principal centro cerebral das emoções.
Este efeito terapêutico é consequência de um aumento funcional dos
neurotransmissores na fenda sináptica
(espaço entre um neurônio e outro), principalmente da norepinefrina e/ou da serotonina
e/ou da dopamina, bem como alteração
no número e sensibilidade dos neuroreceptores.
O aumento de neurotransmissores na
fenda sináptica pode se dar através do
bloqueio da recaptação desses neurotransmissores no neurônio pré-sináptico (neurônio anterior) ou ainda, através da
inibição da enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores, a
Monoaminaoxidase (MAO). Serão, portanto, os sistemas noradrenérgico,
serotoninérgico e dopaminérgico do
Sistema Límbico os locais de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade.
Mas
não é apenas a concentração e quantidade de neurotransmissores as responsáveis
pelos transtornos do humor. Cada vez
mais se constata o envolvimento dos receptores (quantidade e sensibilidade) desses neurotransmissores na origem da
Depressão, assim como na sintomatologia da Ansiedade. Parece ser este um importante ponto de partida para a
identificação, diagnóstico e terapêutica desses dois fenômenos psíquicos (ansiedade
e depressão) (Bromidge e cols, 1998, Kennett e cols, 1997).
No Sono
Baixos
níveis de serotonina estão também relacionados com alterações do sono, tão
comuns em pacientes ansiosos e deprimidos. A serotonina é a mediadora
responsável pelas fases III e IV do sono. A diminuição da latência da fase REM
(Rapid Eyes Moviment) do sono, de indiscutível ocorrência na depressão unipolar
e no transtorno obsessivo-compulsivo, se deve ao desequilíbrio entre a
serotonina e acetilcolina. Os antidepressivos recaptadores de serotonina servem
para restabelecer a chamada arquitetura do sono dos pacientes depressivos,
ansiosos e até dos dependentes de hipnóticos (Lehkuniec).
Como
vimos, as alterações do sono dos transtornos ansiosos e do humor, normalmente
insônia, deve-se ao desequilíbrio entre a serotonina e um outro
neurotransmissor, a acetilcolina e o tratamento com antidepressivos pode
melhorar a qualidade do sono. Outro efeito muito útil dos antidepressivos é em
relação ao tratamento de pessoas dependentes de medicamentos hipnóticos (para
dormir), já que estes podem proporcionar um certo desequilíbrio na
acetilcolina.
Na Atividade
Sexual
A
serotonina apresenta um efeito inibidor sobre a liberação de hormônios sexuais
(gonadotrofinas) pelo hipotálamo, e conseqüente diminuição da resposta sexual
normal. A diminuição farmacológica da serotonina, seja através de medicamentos
ou por competitividade aminérgica, facilita a conduta sexual. Isso quer dizer
que quanto mais serotonina menos hormônio sexual, menos atividade sexual,
portanto, alguns antidepressivos que aumentam a serotonina acabam por diminuir
a atividade sexual.
No Apetite
A
vontade de comer doces e a sensação de já estar satisfeito com o que comeu
(saciedade) dependem de uma região cerebral localizada no hipotálamo (núcleo
hipotâlamico ventro-medial). O efeito hipotâlamico ventro-medial da serotonina
é altamente específico apenas para os hidratos de carbono, necessitando de
outros co-fatores centrais e periféricos para agir sobre os outros alimentos,
como as proteínas e lípides.
Portanto,
com taxas normais de serotonina a pessoa sacia-se mais facilmente e inibe mais
facilmente a ingestão de açúcares, sente-se satisfeita com mais facilidade e
tem maior controle na vontade de comer doce. Havendo diminuição da serotonina,
como ocorre na depressão, a pessoa pode ter uma tendência ao ganho de peso. Por
isso os medicamentos que aumentam a serotonina estão sendo cada vez mais
utilizados nas dietas para perda de peso (sibutramina, por exemplo). A própria
fluoxetina, usada para o tratamento da depressão através do aumento da
serotonina, também costuma proporcionar maior controle da fome (notadamente
para doces).
Assim,
se por um lado a baixa de serotonina resulta em ganho de peso, o excesso de
serotonina, por outro lado, pode produzir anorexia (Blundell). Apesar disso, os
agonistas da serotonina com ação direta sobre os neuroreceptores da serotonina
(serotoninérgicos) do tipo 5-HT1A (8-OH-DPAT) produzem aumento do apetite
(hiperfagia) por estímulo de outros neuroreceptores (auto-receptores),
diminuindo a liberação de serotonina. Este pode ser o mecanismo responsável
pela anorexia que se observa em alguns casos de depressão ou da Anorexia
Nervosa (López-Mato).
Outras Funções
Também
na regulação geral do organismo a Serotonina tem um papel importante. A
Serotonina é um dos principais neurotransmissores do núcleo supraquiasmático
hipotalamico, regulador central de todos os ritmos endógenos circadianos.
Influi assim, na regulação do eixo hipotálamo-periférico.
A
temperatura corporal, por exemplo, controlada que é no Sistema Nervoso Central
(SNC) recebe uma influência muito grande dos níveis de serotonina. Isso talvez possa
explicar porque algumas pessoas têm febre de origem emocional, predominantmente
as crianças. A serotonina produz um efeito duplo sobre a temperatura corporal,
de acordo com o tipo de neuroreceptor estimulado. O neuroreceptor 5-HT1 reduz a
temperatura corporal (hipotermia) e o neuroreceptor 5-HT2, ao contrário, eleva
a temperatura (hipertermia). É durante a fase de ondas lentas do sono que se
produz o pico mínimo da temperatura corporal.
Também
interfere no limite da sensação de dor. A serotonina é um modulador das vias
senso-perceptivas, as quais também transmitem ao cérebro a sensação de dor. A
depressão diminui o limiar de recepção à dor e a administração de agonistas
(imitadores biológicos) da serotonina produz analgesia em animais de
laboratório. Algumas
doenças caracterizadas por dores de tratamento difícil podem ser muito
beneficiadas com medicamentos que aumentam a serotonina. É o caso, por exemplo,
da enxaqueca, das lombalgias (dores nas costas) e outros quadros de dor
inespecífica. É bem conhecido o efeito dos antidepressivos tricíclicos,
especialmente de a Amitriptilina, para controle dos casos de dor psicogênica.
para referir:
Ballone
GJ, Moura EC - Serotonina - in. PsiqWeb, Internet, disponível em
www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.