Valentine’s Day - Dia dos Namorados
14 de fevereiro é uma data em que se comemora, nos países anglo saxônicos, o dia da “união amorosa”, ou seja, o dia dos namorados. Somente em Portugal e no Brasil esse dia é comemorado em 12 de junho. São Valentim foi um bispo que lutou contra as ordens do Imperador Claudio II, ordens que proibiam o casamento durante as guerras, acreditando que os solteiros eram melhores guerreiros. Tempos depois, o bispo se casa secretamente. Sendo descoberto pelo Imperador, foi preso e condenado à morte. Diz a lenda que Valentim antes de sua morte teria escrito um bilhete para a filha cega do carcereiro, sua paixão, e que milagrosamente devolveu-lhe a visão. Nesse bilhete ele assinou como “seu namorado” e “De seu Valentim”. Numa outra versão, do sec.XVII, os ingleses e franceses passaram a comemorar o dia de São Valentim como o dia Dos Namorados. Anos após, essa data ficou célebre nos Estados Unidos como o Valentine’s Day.
Namorar parece um verbo muito temido hoje pelos jovens.
Namorar, ao contrário do Ficar, é
uma relação mais profunda, de maior
disponibilidade afetiva, de intimidade e compromisso. O namoro, que na
maioria das vezes acontece após uma paixão, é uma experiência idealizada
necessária e fundamental para que duas pessoas exercitem seu lado
afetivo.
Entretanto, requer coragem e ousadia de colocar às claras a vida dos afetos: amor, paixão, ciúme, rivalidade e principalmente capacidade de lidar com as diferenças de cada um. Namorar pode ser o prelúdio do noivado, e esse, a perspectiva de um casamento ou de uma relação estável mais duradoura.
Entretanto, requer coragem e ousadia de colocar às claras a vida dos afetos: amor, paixão, ciúme, rivalidade e principalmente capacidade de lidar com as diferenças de cada um. Namorar pode ser o prelúdio do noivado, e esse, a perspectiva de um casamento ou de uma relação estável mais duradoura.
Acontece que o medo de amar é hoje uma marca da
civilização pós moderna. Uma civilização do ter e não do ser, uma mentalidade
consumista ao extremo, inclusive o consumo às pessoas, como se fossem drogas. O prazer pelo prazer é a regra atual.
Ficar, ter relações casuais, fortuitas, passageiras, que promovam somente
satisfação, e que não tolerem nenhum tipo de sofrimento. Parece que as pessoas jovens estão predispostas a
negarem sua capacidade de tolerar
a dor, a dor psíquica, a dor da desilusão, implícitas em qualquer
relacionamento amoroso.
Seria uma boa reflexão, nesse Valentine’s Day ou Dia dos Namorados, o jovem entender e examinar em si mesmo como está sua capacidade inata amorosa. É claro que se possível, na vida nos afastemos da dor, mas por outro lado, a experiência dolorosa ensina, faz crescer e desenvolver o indivíduo a fazer frente aos seus conflitos. Lidar com ciúmes, por exemplo, não como um sentimento passional da posse, e sim como um sinal do medo à perda de alguém que se ama. Tolerar as diferenças é outra capacidade interessante e imprescindível para mantermos um relacionamento. Na igualdade, na mesmice, não há conflitos e não existe muito a se fazer para expandir a relação. Na diferença sim.
Seria uma boa reflexão, nesse Valentine’s Day ou Dia dos Namorados, o jovem entender e examinar em si mesmo como está sua capacidade inata amorosa. É claro que se possível, na vida nos afastemos da dor, mas por outro lado, a experiência dolorosa ensina, faz crescer e desenvolver o indivíduo a fazer frente aos seus conflitos. Lidar com ciúmes, por exemplo, não como um sentimento passional da posse, e sim como um sinal do medo à perda de alguém que se ama. Tolerar as diferenças é outra capacidade interessante e imprescindível para mantermos um relacionamento. Na igualdade, na mesmice, não há conflitos e não existe muito a se fazer para expandir a relação. Na diferença sim.
Quando encontramos ou pensamos ter encontrado o amor de
nossa vida vale tudo ou quase tudo. Sim,
muitos pensam que é assim! E sob este pretexto passionalismos, brigas,
discussões, ciúmes exagerados e outras
"provas de amor" passam a ser aceitas quase sempre pelo medo
de um perder o outro. Ou dos dois se perderem, mutuamente. E tudo passa a ser
desculpado e visto como mais um tempero
que alimenta a relação. Com ambos esquecendo que se não houver cumplicidade na
relação esta poderá acabar em curto espaço de tempo. Pois a paixão não
resistirá aos dias que virão. Mas, certamente isso acontece porque muitos não
desejam descobrir nem aceitar que possuir de forma física e material não
significa um verdadeiro amor. E pensar
que se pode ser ou pretender ser dono do outro nada tem a ver com
sentimentos construídos para crescerem nem durarem. Esquecem que agir como se
um fosse dono ou propriedade do outro pode ser agradável para um mas,
certamente, não o será para o outro! E numa relação tal comportamento pode
apressar o seu final.
A diferença é inevitável, uma vez que ela vai aparecer à medida que a paixão
abranda. E aí veremos se alguém gosta realmente de outro! Gostar, dizem os filósofos e psicanalistas, é
também saber odiar sem destruir. É poder manter uma relação sem a
obrigatoriedade de ser uma relação idealizada. É fato que procuramos o nosso ideal no outro, daí
os termos, “alma gêmea”, “minha cara metade”. Entretanto, só sabendo incluir as
diferenças é que podemos respeitar considerar e amar uma pessoa.
Diga-se de passagem, é claro que as diferenças precisam
ser menores do que as realizações satisfatórias! No entanto, hoje em dia, as
pessoas não têm paciência com o desenrolar de um namoro. À mínima frustração,
ao primeiro desapontamento, a relação é desprezada, ou melhor, a outra pessoa
que deveria ser um parceiro ou uma parceira, não interessa mais. “Já fui, dizem os jovens, não me interessam
problemas, conflitos, frescuras de conversar sobre a relação, o importante é o
prazer pelo prazer. É curtir, sair, beijar, amassar e transar”. Isso é a
antítese do namoro. O namoro não despreza a sexualidade, pelo contrário, é
nessa relação que se vai integrando afeto com sexualidade, corpo e alma.
“Eu não consigo me apegar a ninguém, eu tenho
medo de me envolver e me aprisionar. Sou desconfiada, sou desacreditada do amor
dos outros por mim. Sinto um vazio, um vazio enorme e nada me satisfaz. Como
posso mudar? Como posso sentir alguma coisa mais duradoura? Parece que não
ficou nada dentro da minha pessoa desde criança.” .
Depoimento como o dessa jovem, ouvimos cotidianamente
em nossos consultórios, como um grito de dor, um desabafo, de quem sente medo
de se apaixonar e de que se apaixonem por ela, de quem não está disponíveis
para Amar e ser Amada.
Freud afirmava que o Eu antes de tudo é um Eu Corporal, mas com o crescimento ele vai se tornando um Eu mais integrado, corpo e afeto. É isso que o namoro pede como compromisso - afetuosidade e sexualidade juntos, no sentido de desenvolver uma relação amorosa e não uma “relação vazia e sem sentido”, estritamente corporal.
Freud afirmava que o Eu antes de tudo é um Eu Corporal, mas com o crescimento ele vai se tornando um Eu mais integrado, corpo e afeto. É isso que o namoro pede como compromisso - afetuosidade e sexualidade juntos, no sentido de desenvolver uma relação amorosa e não uma “relação vazia e sem sentido”, estritamente corporal.
"Estranho, sim.
As pessoas ficam desconfiadas, ambíguas diante dos apaixonados.
Aproximam-se deles, dizem coisas amáveis, mas guardam certa distância, não invadem o casulo imantado que envolve os amantes e que pode explodir como um terreno minado, muita cautela ao pisar nesse terreno.
Com sua disciplina indisciplinada, os amantes são seres diferentes e o ser diferente é excluído porque vira desafio, ameaça.
Se o Amor na sua doação absoluta os faz mais frágeis, ao mesmo tempo os protege como uma armadura.
Os apaixonados voltaram ao Jardim do Paraíso, provaram da Árvore do Conhecimento e agora sabem."
As pessoas ficam desconfiadas, ambíguas diante dos apaixonados.
Aproximam-se deles, dizem coisas amáveis, mas guardam certa distância, não invadem o casulo imantado que envolve os amantes e que pode explodir como um terreno minado, muita cautela ao pisar nesse terreno.
Com sua disciplina indisciplinada, os amantes são seres diferentes e o ser diferente é excluído porque vira desafio, ameaça.
Se o Amor na sua doação absoluta os faz mais frágeis, ao mesmo tempo os protege como uma armadura.
Os apaixonados voltaram ao Jardim do Paraíso, provaram da Árvore do Conhecimento e agora sabem."
Lygia Fagundes Telles