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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A Águia Real


Contado por Leonardo da Vinci (1452-1519), há mais de 400 anos. Quando a Águia Real, solitária, no pico mais alto de sua rocha, sente aproximar-se a morte, chama para junto de si seus filhotes, olha um a um no fundo dos olhos e lhes diz:

- Eu os nutri e fiz crescer para que sejam capazes de fixar, a olho nu, o sol. Seus irmãos, que não suportaram esta visão, deixei-os morrer de fome. Vocês não, vocês são dignos de voar mais alto do que todos os demais pássaros. Estou para deixá-los, mas não morrerei em meu ninho. Voarei para o alto, até onde me levarem as asas. Lançar-me-ei em direção ao sol, o quanto me for dado. Seus raios de fogo queimarão minhas velhas penas e eu, então, me precipitarei sobre a terra e mergulharei nas impetuosas águas dum rio. Das águas, no entanto, ressurgirá meu espírito, pronto para recomeçar uma nova existência em cada um de vocês. A Águia Real não morre, enquanto tiver no ninho um Filhote Real.

Tendo assim falado, a Águia levanta vôo à vista de seus filhos espantados. Voa em torno da rocha e segue em linha reta em direção ao profundo azul do céu, para queimar ao sol suas asas majestosas. Filhos de Águia, grande e terrível é o vosso destino no mundo!

Ninguém deve aceitar para si um destino pequeno, um caminho sem grandeza. Na verdade, pode não ser grande em realizações, mas pode ser admirável pela intensidade do que se faz. Já disse, com pertinência, o maravilhoso poeta português, Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena". O olho de Águia que temos não pode lacrimejar, quando fixa o sol. O sol, talvez, queime nossas velhas penas, mas elas deixarão rastros de luz.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Os cinco estágios da “Morte ou do “Luto” - Modelo de Kübler-Ross


Os 5 estágios da morte ou luto, são apresentados neste vídeo, com uma dose de humor,  a partir da angústia de uma girafa que está afundando em um banco de areia movediça!

A morte sem sombra de dúvidas é a única certeza de nossas vidas. Todo mundo cresce ouvindo este ditado popular. Entretanto, mesmo sabendo desta árdua verdade poucas pessoas apresentam uma maturação emocional para vivenciá-la de forma harmoniosa. Por estes e outros motivos o processo de luto sempre esteve presente tanto no campo da Psiquiatria como no da Psicologia.

Diante desta realidade em 1969 a Psiquiatra Elizabeth Kübler-Ross propõe uma descrição do processo de luto e perda categorizando-os em cinco estágios pelo qual as pessoas passam a lidar com a morte e o morrer. O Modelo de Kübler-Ross propõe uma descrição de cinco estágios discretos pelo qual as pessoas passam a lidar com a perda, o luto e a tragédia. Segundo esse modelo, pacientes com doenças terminais passam por esses estágios.

O modelo foi apresentado por Kübler-Ross em seu livro "Sobre a morte e o morrer", publicado originalmente em 1969 (KÜBLER-ROSS, 1998).

Os estágios são conhecidos hoje como "Os Cinco Estágios do Luto" (ou da Dor da Morte, ou da Perspectiva da Morte). São eles: negação, raiva, barganha (negociação com Deus), depressão e aceitação. Nem todos os pacientes passam seqüencialmente por todas estas fases.

1º) negação: o doente nega a doença, "amortecendo" o impacto do diagnóstico;
2º) revolta: quando não é mais possível negar, a negação é substituída por sentimentos de revolta e ressentimento;
3º) barganha: já que a revolta não resolve o problema, tenta-se obter a cura através de barganhas e promessas a Deus;
4º) depressão: (interiorização), surgem lamentações, queixas, desinteresse e a necessidade de ficar só;
5º) aceitação: não há mais depressão ou raiva, mas uma contemplação do fim próximo com um certo grau de tranqüila expectativa, e a compreensão de que a vida chegou ao fim.

Exemplo dos estágios: (discurso do paciente)
Negação e Isolamento: "Isso não pode estar acontecendo."
Cólera (Raiva): "Por que eu? Não é justo."
Negociação: "Me deixe viver apenas até meus filhos crescerem."
Depressão: "Estou tão triste. Por que me preocupar com qualquer coisa?"
Aceitação: "Tudo vai acabar bem."

Kübler-Ross originalmente aplicou estes estágios para qualquer forma de perda pessoal catastrófica, desde a morte de um ente querido e até o divórcio. Também alega que estes estágios nem sempre ocorrem nesta ordem, nem são todos experimentados por todos os pacientes, mas afirmou que uma pessoa sempre apresentará pelo menos dois.

Do Ponto de vista da Psicologia / Psicanálise, pode-se entender os cinco estágios da seguinte forma:

- A negação/isolamento são mecanismos de defesas temporários do ego contra a dor psíquica diante da morte;
- O ego, não conseguindo manter a negação, dá espaço para o sentimento de raiva acompanhado de inveja e ressentimento.
- A pessoa, vendo que negação e raiva não resolveu, passa a barganha. Principalmente conversando com Deus.
- Negar não adiantou. Nem se revoltar. Nem tentar negociar. Então a pessoa entra em depressão. É quando se percebe a realidade.
- E por fim, quando vê que não tem jeito mesmo, a pessoa aceita.


  “Aprenda a entrar em contato com o silêncio dentro de si e saiba que tudo nesta vida tem um propósito.” (Elisabeth Kubler-Ross)


KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. 8.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A Psicanálise e o Esvaziar-se de Si!


“A palavra foi dada ao homem para encobrir seu pensamento”, Stendhal

Entre as inúmeras contribuições da psicanálise para a humanidade, talvez a que mais se destaque é a abertura da possibilidade de escutar o outro. A figura do analista representa um esvaziar-se de si mesmo e abrir-se para as inquietações, conflitos e, fundamentalmente, para o discurso do paciente. Para tanto, é necessário que o analista deixe do lado de fora de seu consultório todas as suas opiniões morais e escute as demandas do paciente sem julgamentos ou concepções pré-definidas. É ouvir o outro em sua inteireza, de forma depurada e sem misturar-se com o que é falado. É ouvir por ouvir, sem a ansiedade de uma resposta que se enquadre em um diálogo. É ouvir sem sequer pensar em construir um diálogo racional. O diálogo se constrói por si mesmo, nas entrelinhas, sensações e naturalidades da fala do paciente. É essa fala do paciente que leva à resposta do analista, como num eco. Não se trata de um diálogo construído: trata-se de um diálogo que simplesmente nasce em si mesmo.

Por isso mesmo, o psicanalista inglês Donald Woods Winnicott (1896-1971) diz que a sessão psicanalítica é um momento sagrado. Sagrado, pois consiste em uma tentativa de encontrar a verdade que não está nas palavras e sim na essência do que é cada ser humano. A verdade que não pertence nem ao analista nem ao paciente. A verdade que pertence à própria experiência humana. Uma verdade intangível, que se estabelece diante da singularidade de cada um e escapa a teorias ou enquadres. Uma verdade que transcende – própria da experiência de cada paciente. Uma verdade que nunca é totalmente revelada, mas pode ao menos ser parcialmente iluminada.

Uma boa análise objetiva libertar o paciente de suas próprias amarras fantasiosas e das amarras do meio social em que ele vive. É libertar o paciente do discurso do Outro – como diria Jacques Lacan (1901-1981) –, do discurso dos pais e mães. Mas esses pais e mães ultrapassam em muito a barreira familiar e não são apenas os biológicos. A psicanálise busca libertar o paciente do discurso do poder, das instituições, tradições, imposições e até mesmo das leis que regem a vida social. É libertar o paciente do discurso inventado pela própria história humana. É desintoxicar a mente do excesso de discurso, do excesso de palavras, do excesso de regras estabelecidas que se estende ao longo da trajetória humana.

O papel da psicanálise é reinventar a experiência humana contestando tudo que até então foi imposto ao sujeito pelo discurso externo. É limpar os signos e símbolos em excesso que sufocam o humano e lhe tiram seu caráter misterioso, subjetivo, essencial e quase místico. A psicanálise trabalha com a palavra narrada para desgastá-la a ponto de ela perder sua importância central e restar apenas a essência. A palavra – que muitas vezes cega – é substituída pelo sentir.

É esse sentir que levará o paciente a criar sua própria ética. Uma ética que não responde a instituições ou regras estabelecidas, mas que ecoa dentro de sua essência. Uma ética que dispensa a obrigação e o apalavrado – que é essência em si mesma. O paciente, ao estar diante de um analista que se esvazia para contê-lo, aprende também a esvaziar-se para conter todos que o cercam na comunidade. Aprende a olhar o outro sem barreiras morais, respeitando as singularidades, experiências e vivências de cada um. Um ser humano analisado aprende a respeitar o espaço de si e do outro, separando o seu querer e poder do querer e poder do outro

Ele aprende a delimitar-se na relação com o outro, respeitando-o e sabendo instintivamente que para construir-se é preciso do outro, mas que esse outro também está ali para construir-se com ele. Esse paciente aprende a olhar a si e ao outro respeitando o mistério da experiência humana. Respeita-se a si, respeita-se o outro e respeita o próprio mistério do existir humano. É um ser que consegue esvaziar-se de si para acolher o outro. É alguém preparado a conviver com unidade e em comunidade.

Conceito: Signo e Símbolo

Signo = Significante (som) + Significado (objeto)
Entidade constituída pela combinação de um conceito de significado, e uma imagem acústica denominada significante.

Os “signos” psíquicos, no sentido saussuriano do termo, serão constituídos, portanto, pela união dos “significantes” (ou imagem acústica dos sons) e dos “significados” (ou conceitos do referente). A oposição de dois signos complementares determina, por sua vez, uma “estrutura” ou “código”. O estudo específico da relação lateral que se estabelece entre os significantes ou entre os significados será denominado por Saussure de “valor”.

Simbolo
O termo símbolo, com origem no grego σύμβολον (sýmbolon), designa um tipo de signo em que o significante (realidade concreta) representa algo abstrato (religiões, nações, quantidades de tempo ou matéria, etc.) por força de convenção, semelhança ou contiguidade semântica (como no caso da cruz que representa o Cristianismo, porque ela é uma parte do todo que é imagem do Cristo morto). Sendo um signo, "símbolo" é sempre algo que representa outra coisa (para alguém).
O "símbolo" é um elemento essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo cotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano. Embora existam símbolos que são reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um determinado grupo ou contexto (religioso, cultural, etc).Ele intensifica a relação com o transcendente.

A definição clássica de signo (desde a idade média, pelo menos) é a de uma coisa que é usada, referida ou tomada no lugar de outra coisa (aliquid pro aliquo). A palavra signo, portanto, pode abarcar desde os "signos naturais", também chamados de índices ou sintomas, como as nuvens carregadas e a fumaça, que indicam (são índices de) chuva e fogo, respectivamente; até os signos substitutivos (ícones), como a maquete de um edifício, a planta de uma casa ou o retrato de uma pessoa e os símbolos (a bandeira de um país, a suástica, a estrela de David, etc.)
O signo linguístico é artificial pois remonta uma relação arbitrária entre um significado e um significante, como descrito por Ferninand de Saussure, em seu Curso de Linguística Geral. Saussure definiu o signo linguístico como o formativo da relação (sua formante) entre um conceito e uma imagem sonora. Tanto conceitos, como imagens sonoras, são entidades mentais. A imagem acústica (ou sonora) "não é o som material, físico, mas a impressão psíquica dos sons, perceptível quando pensamos em uma palavra, mas não a falamos".

sábado, 24 de dezembro de 2011

Senhor eu tenho Sede, sede de Água Viva!

Senhor,
eu tenho sede.
No caminhar difícil da minha vida,
eu tenho sede.
Nos abandonos, nas perdas, nas incompreensões,
eu tenho sede.
Nas miséria dos meus pecados,
eu tenho sede.

No passado que me atormenta,
eu tenho sede.
No futuro que me amedronta,
eu tenho sede.
No presente que me entristece,
eu tenho sede.
Eu quero água, Senhor.
Eu quero água viva.
A água que me lava e me alimenta.
A água que me lembra o nascimento, o batismo, o mar...


Eu quero a água viva que me mostra o mar de possibilidades
que eu tenho na vida.
Nada nem ninguém poderá me roubar o futuro.
Eu quero água viva.
Eu quero esse alimento, Senhor.
Obrigado, porque apesar de tantos que não me veem,
não me reconhecem, não gastam tempo comigo, o
Senhor está aqui.
Fica mais tempo, Jesus.
Tua conversa me dá vida nova.
Amém.

Fonte: Livro Ágape




"O mundo da simplicidade, da natureza, da fonte de água limpa e do canto dos pássaros é um pedaço do céu e a voz de Deus, que muitos não conseguem ouvir." (Luiza Gosuen)



“Deus é a fonte de todas as verdades, quem dessa fonte água beber, jamais será atormentado pela sede da dúvida.” (Karolynna)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mensagem de Alguém muito Especial para você!



Mensagem de Maria,

Amados Filhos,

Que as bênçãos do amor tragam paz aos vossos corpos, mentes e corações.

Ouvi vossa Mãe e exercitai, urgentemente, o perdão, eis que ele vos purifica, vos liberta de vínculos passados – que não mais condizem com vossa realidade - e vos devolve a liberdade.

Este é um tempo em que a conquista da liberdade se faz necessária, para aqueles que anseiam transpor as portas do mundo da dualidade rumo à realidade da perfeição.

Não há, contudo, como sair do mundo da ilusão sem antes concluirdes todas as pendências que deixastes suspensas ao logo do caminho.

Vossas jornadas exigem de vós continuardes sempre em frente, e não há como seguir em frente se os “fantasmas” do vosso passado ainda assombram vosso caminho, ainda impedem que possais vivenciar novas experiências, e que possais aceitar novos desafios.

Amargastes, já por longo tempo, a dor das relações mal resolvidas, a dor das situações não esclarecidas, a dor das injustiças e das rejeições.

É hora de por um fim a esse enorme peso que carregais em vossos corpos, mentes e corações.

É hora de vos despojardes da ilusão de que um dia o passado voltará, permitindo-vos dar outros passos e tomar outras decisões.

É hora de reconhecer que os eventos passados não podem vos trazer, no presente, a felicidade e a completude que não vos ofereceram no tempo de suas realizações.

É tempo de buscardes esses eventos, para por neles um fim, e esse fim só acontece verdadeiramente se exercitado através do perdão.

Ousai, pois irdes de encontro ao vosso passado, para compreender os acontecimentos que deram origem a tanto peso em vossos corações.

Lembrai-vos que hoje sois detentores de um novo entendimento, duramente conquistado ao longo do aprendizado a que vos submetestes no mundo da ilusão.

Hoje é possível a todos vós compreender e perdoar.

Hoje é possível sim estender a mão aos que vos magoaram, para reintegrá-los em vossas vidas como mais um de vossos irmãos, irmãos que vos ajudaram – pelo amor ou pela dor – a vivenciar as experiências que se faziam necessárias, para que pudesses hoje, neste tempo, vos render ao divino do que sois, para abençoar todos aqueles que, de algum modo e em algum momento, fizeram ou ainda fazem parte de vossos processos de transformação.

Hoje sois o ser de luz que reconhece sua origem divina, e, também, reconhece a divindade existente em cada ser.

Então, amados, é tempo de dissolver a escuridão que causou tanta separação, tanta dor entre seres iguais que se imaginavam opostos e, como opostos, mergulharam em uma guerra insana onde cada um queria ser o dominador do outro para seu próprio proveito.

Não existem dominadores ou dominados no mundo que almejais adentrar neste tempo.

Assim sendo, faz-se necessário dissolver todas as pendências, para que vós - e aqueles que fazem ou fizeram parte de vossas vidas - se vejam e se reconheçam finalmente, pela força do perdão, como IGUAIS.

Só então podereis seguir em frente, só então sentireis a essência da liberdade de ser; ser um com tudo e com todos, tudo compartilhando, imbuídos do mesmo sentimento de paz, fraternidade e amor.

Bem amados, mergulhai nas águas do perdão para tudo purificar; pensamentos, sentimentos e ações puras é que vos conduzirão pela estreita senda da ascensão, onde só os justos de mente e coração têm permissão para percorrer.

Que vossas orações sejam o firme alicerce da nova rota disponível para vós e para todos os vossos irmãos.

Eu vos deixo agora derramando sobre todos vós as minhas bênçãos e envolvendo a todos no meu manto de proteção, porque Eu Sou Maria, Vossa Mãe e Mãe do Filho de Deus.


Extraído de: http://br.groups. yahoo.com/ group/maemaria/

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Uma Grata Homenagem e Saudação a Mãe Terra e a Vida - Earth Song - Michael Jackson



Toda a natureza é uma harmonia divina, sinfonia maravilhosa que convida todas as criaturas a que acompanhem sua evolução e progresso.
(Tsai Chih Chung)

domingo, 18 de dezembro de 2011

Sexualidade - Disfunções Sexuais femininas e masculinas


Classificação das disfunções sexuais - critérios diagnósticos para os transtornos da sexualidade

A partir da associação entre os modelos de Masters e Johnson (1984) e de Kaplan (1977), estabeleceram-se critérios diagnósticos para os transtornos da sexualidade, os quais constam do Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais (2002), que definiu a resposta sexual saudável como um conjunto de quatro etapas sucessivas: desejo, excitação, orgasmo e resolução.

As disfunções sexuais, em contrapartida, caracterizam-se por falta, excesso, desconforto e/ou dor na expressão e no desenvolvimento desse ciclo, o que afeta uma ou mais das fases deste. Quanto mais precocemente incidir o comprometimento desse ciclo, mais prejuízo acarretará à resposta sexual e mais complexos serão, o quadro clínico, e respectivos prognóstico e tratamento (Abdo, 2004b). A disfunção sexual, portanto, implica alguma alteração, em uma ou mais das fases do ciclo de resposta sexual, ou dor associada ao ato, o que se manifesta de forma persistente ou recorrente.

A Associação Psiquiátrica Americana (2002) assim classifica as disfunções sexuais:

  • Transtornos do desejo sexual
Transtorno do desejo sexual hipoativo: deficiência ou ausência de fantasias sexuais e desejo de ter atividade sexual.
Transtorno de aversão sexual: aversão e esquiva ativa do contato sexual genital com um parceiro sexual.


  • Transtornos da excitação sexual
Transtorno da excitação sexual feminina: incapacidade persistente ou recorrente de adquirir ou manter uma resposta de excitação sexual adequada de lubrificação-turgescência até a consumação da atividade sexual.
Transtorno erétil masculino: incapacidade persistente ou recorrente de obter ou manter ereção adequada até a conclusão da atividade sexual.


  • Transtornos do orgasmo
Transtorno do orgasmo feminino: atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo, após uma fase normal de excitação sexual.
Transtorno do orgasmo masculino: atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo, após uma fase normal de excitação sexual.
Ejaculação precoce: início persistente ou recorrente de orgasmo e ejaculação com estimulação mínima antes, durante ou logo após a penetração e antes que o indivíduo o deseje.


  • Transtornos sexuais dolorosos
Dispareunia (feminina e masculina): dor genital associada com intercurso sexual. Embora a dor seja experimentada com maior frequência durante o coito, também pode ocorrer antes ou após o intercurso.
Vaginismo: contração involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adjacentes ao terço inferior da vagina, quando é tentada a penetração vaginal com pênis, dedo, tampão ou espéculo.
Disfunção sexual devida a uma condição médica geral: presença de disfunção sexual clinicamente significativa, considerada exclusivamente decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral.
Disfunção sexual induzida por substância: disfunção sexual clinicamente significativa que tem como resultado um acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal, plenamente explicada pelos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (droga de abuso, medicamento ou exposição à toxina).
Disfunção sexual sem outra especificação: disfunções sexuais que não satisfazem os critérios para qualquer disfunção sexual específica.

Outra classificação foi proposta pela Organização Mundial da Saúde (1993) para as disfunções sexuais de base psiquiátrica. Dos capítulos “Síndromes comportamentais associadas a perturbações fisiológicas e fatores físicos” e “Transtornos de personalidade e de comportamento em adultos”, da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), constam (OMS, 1993):
  • Disfunção sexual não causada por transtorno ou doença orgânica.
  • Ausência ou perda do desejo sexual “Frigidez” - Transtorno hipoativo do desejo sexual.
  • Aversão sexual e ausência de prazer sexual Anedonia (sexual).
  • Falha de resposta genital (disfunção de ereção, no homem).
  • Disfunção orgásmica - Anorgasmia psicogênica Inibição do orgasmo (na mulher, no homem).
  • Ejaculação precoce. 
  • Vaginismo não orgânico - Vaginismo psicogênico.
  • Dispareunia não orgânica - Dispareunia psicogênica.
  • Apetite sexual excessivo - Ninfomania Satiríase.
  • Outras disfunções sexuais não devidas a transtorno ou à doença orgânica - Dismenorréia psicogênica.
  • Disfunção sexual não devida a transtorno ou à doença orgânica, não especificada.
Aspectos diagnósticos das disfunções sexuais femininas
À medida que o conhecimento da sexualidade humana avança, melhor se identificam as diferenças entre as características especificamente femininas e as masculinas da resposta aos estímulos sexuais. Essas diferenças são atribuídas a fatores de ordem biopsicossocial, em especial: hormônios sexuais (estrógenos versus andrógenos), educação sexual (repressora versus permissiva), ambiente (controlador versus estimulante) (Abdo, 2005).

Em decorrência desse contexto, a mulher tende à sensualidade e à sedução, enquanto o homem busca a conquista e a posse no exercício da sexualidade. Esse quadro é dinâmico e pode se modificar conforme se associam os fatores envolvidos, próprios da vida de cada indivíduo. Tais fatores são também os responsáveis pelo desenvolvimento e pela manutenção das disfunções sexuais, sejam elas masculinas ou femininas. 


Também se associam e se superpõem num mesmo caso de disfunção. Ou seja, um quadro disfuncional pode eclodir por causa orgânica, mas será agravado, em boa parte das vezes, por repercussão emocional. Caso a origem seja psíquica, as doenças próprias da idade acentuarão os sintomas da dificuldade sexual, respondendo por sua cronificação. Especialmente no caso das disfunções sexuais femininas, a tentativa de estabelecimento dos fatores etiológicos resulta na evidência da sua multiplicidade.

- O diagnóstico das disfunções sexuais femininas é eminentemente clínico
A queixa da paciente, aliada à presença de alguns elementos de anamnese, é fundamental. Deve-se considerar que um mínimo de seis meses de sintomatologia é critério indispensável para a caracterização da disfunção. Além disso, devem-se investigar as condições do(a) parceiro(a), para se afastar possíveis equívocos de interpretação ante o quadro referido pela paciente. Assim, um homem com ejaculação precoce pode conduzir sua parceira a se considerar anorgásmica, quando, de fato, a precocidade dele a impede de concluir o ciclo de resposta sexual com êxito. Estimulação inadequada em foco, intensidade ou duração exclui o diagnóstico de disfunção de excitação ou orgasmo (APA, 2002).

Outra relevante consideração para diagnóstico, tratamento e prognóstico é a distinção entre disfunção primária (ao longo da vida) e secundária (adquirida), bem como entre disfunção generalizada (presente com qualquer parceria) e situacional (presente em determinadas circunstâncias e/ou parcerias). Devem-se considerar, ainda, a idade da mulher e a sua experiência sexual. Mulheres jovens e/ou principiantes costumam apresentar dificuldade para relaxamento/lubrificação, o que é bastante compreensível e não significa disfunção, enquanto não houver experiência sexual suficiente.

Por outro lado, as pesquisas e a observação clínica trouxeram à tona a constatação de que o modelo de ciclo de resposta sexual atualmente adotado não responde ao que, de fato, ocorre à significativa parcela das mulheres. Há aquelas que não têm desejo espontâneo ou que, ao tê-lo, nem sempre dão seqüência ao ato sexual; algumas iniciam a atividade para acompanhar seus parceiros, não motivadas por estímulos próprios (Leiblum, 2000).

A identificação de sensações genitais prazerosas acaba por desencadear nelas o interesse por sexo, confirmando que a excitação pode se antepor ao desejo.
Uma nova proposta para o ciclo feminino de resposta sexual foi apresentada por Basson (2001), enfatizando o valor da intimidade como motivação feminina para o sexo. Desta feita, entende-se que muitas mulheres iniciam o ato sexual sem suficiente entusiasmo e interesse: na verdade, desejam aproximação física e carinho, antes que a sensação erótica as envolva.


Com base neste argumento, Basson et al. (2004) propõem um modelo circular para o ciclo de resposta sexual da mulher, em que a ausência de desejo sexual espontâneo (no início do ciclo) não significa disfunção sexual, o que exclui muitas mulheres da categoria de disfuncionais. Esse modelo pode ser didaticamente dividido em cinco fases:

1. Início da atividade sexual, por motivo não necessariamente sexual, com ou sem consciência do desejo.
2. Excitação subjetiva com respectiva resposta física, desencadeadas pela receptividade ao estímulo erótico, em contexto adequado.
3. Sensação de excitação subjetiva, desencadeando a consciência do desejo.
4. Aumento gradativo da excitação e do desejo, atingindo ou não alívio orgástico.
5. Satisfação física e emocional, resultando em receptividade para futuros atos.

Saliente-se ainda que não há diagnóstico de disfunção sexual caso esta seja mais bem explicada por outro transtorno (exemplo: se a redução do desejo sexual ocorrer apenas no contexto de um episódio depressivo). Por outro lado, se a dificuldade sexual anteceder o quadro psiquiátrico ou for um foco de atenção independente, faz-se o diagnóstico adicional de disfunção sexual.

Uma dificuldade sexual (por exemplo, transtorno da excitação sexual) pode gerar outra (como transtorno do desejo sexual hipoativo), devendo, neste caso, ser diagnosticados especificamente todos os transtornos envolvidos. A coexistência de disfunção sexual e transtorno de personalidade resulta em dois diagnósticos distintos, da mesma forma que a coexistência da disfunção sexual com alguma outra condição médica geral (APA, 2002).

Dada a multiplicidade de fatores envolvidos, recomenda-se avaliação psicossocial, de preferência por equipe multidisciplinar, principalmente naqueles casos em que a disfunção ocorre desde o início da vida sexual ou sofre influência de condições psicológicas e relacionais, tais como: condições de vida estressantes, mudanças na parceria, conflitos no vínculo conjugal e disfunção sexual do parceiro.

Aspectos terapêuticos das disfunções sexuais femininas
A simples orientação dirimindo mitos e tabus, bem como legitimando o prazer sexual, pode resolver uma parcela das dificuldades sexuais, em especial de mulheres mais jovens e daquelas que ainda não tiveram repercussão da sintomatologia disfuncional na vida como um todo e/ou sobre o desempenho sexual do parceiro.


O médico, nesses casos, desempenha papel fundamental, orientando, esclarecendo e prevenindo a cronificação dos sintomas. Por outro lado, depressão (prevalente no sexo feminino), comorbidades e tratamento antidepressivo são três fatores que conduzem e agravam a disfunção sexual, especialmente o desejo hipoativo. Diante dessa situação, boa parte das pacientes com depressão abandona o tratamento antidepressivo, diminuindo suas chances de recuperação e cronificando o curso da doença e da disfunção sexual que a acompanha (Abdo, 2004a).

Cabe ao médico avaliar o perfil da paciente, para prescrever a medicação antidepressiva que mais se adapte a cada caso e que mais oportunidade ofereça para a adesão ao tratamento. Para alívio dos sintomas climatéricos e pós-menopáusicos, têm sido utilizados estrógenos em larga escala. Possuindo efeito sobre o trofismo vaginal, aliviam os quadros de dispareunia, secundários à atrofia do epitélio da vagina, visto que restauram esse epitélio, bem como o pH e o fluxo sangüíneo vaginais (Fernandes, 2005).O seu efeito sobre o desejo é, pois, indireto.


Entretanto, quando a falta de desejo não é secundária à dor ou ao desconforto durante o ato, o desinteresse sexual persiste, apesar da terapêutica estrogênica. A testosterona responde pela manutenção de interesse e motivação sexuais (Dennerstein et al., 1997; Leiblum et al., 1983; Davis, 2000). Pode restaurar o desejo e a excitação, bem como favorecer as fantasias sexuais das mulheres que não respondem ao estrógeno isolado (Sherwin e Gelfand, 1987). Pode-se ponderar a indicação do tratamento androgênico para mulheres na pós-menopausa, sob terapêutica estrogênica, nas quais persistam os sintomas de falta de desejo, desde que não haja outro problema médico ou psicológico que explique o quadro.

Mulheres com comprometimento psicológico devem ser indicadas para intervenção psicoterapêutica, em especial aquelas com história de abuso e violência sexual. Comprometimento da auto-imagem e do vínculo conjugal, fantasias impeditivas de manifestação mais livre da própria sexualidade e ansiedade excessiva constituem outras indicações de atendimento psicoterapêutico.



Uma condição que vem sendo associada a casos de inibição do desejo incide em mulheres desvitalizadas, tanto em relação à sua função sexual como à busca do prazer na vida, condição muitas vezes relacionada à dificuldade em lidar com sentimentos de raiva e hostilidade em relação ao parceiro. Essas pacientes também requerem acompanhamento psicoterápico.

Carmita Helena Najjar Abdo - Psiquiatra, professora livre-docente do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Fundadora e Coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da (IPq-HC-FMUSP).
Heloisa Junqueira Fleury - Psicóloga, pós-graduanda em ciências pela FMUSP. Supervisora em  psicoterapia do ProSex do IPq- HC-FMUSP.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Surto Psicótico – Entenda como ele pode ser desencadeado


Psicologia e Psicanálise
A Gota D'Água - Desvendando o surto psicótico.

Surto Psicótico é um episódio de dissociação da estrutura psíquica do indivíduo, fazendo com que este mostre comportamentos socialmente estranhos e diferentes, devido à momentânea incapacidade de pensar racionalmente. Começar o tratamento nos primeiros surtos evita sérias complicações e agravamento da psicose. Quanto mais cedo começarem o tratamento melhor o prognóstico do paciente.

O surto psicótico ocorre, basicamente, quando uma (*) psique já fragilizada entra em colapso, ou seja, em completo desequilíbrio” , explica o psicólogo Edílson Pastore da Clínica Pinel.

Para os psicólogos, o surto não é algo isolado; um conjunto certo de critérios caracteriza uma crise psicótica. Delírios, alucinações, comportamento desorganizado e discurso desorganizado são sintomas obrigatórios. Para Pastore, devem estar presentes pelo menos dois destes para classificar o estado como um surto psicótico.

O psicólogo também apresenta uma diferenciação entre delírios e alucinações, conceitos que são constantemente confundidos. “Delírios são alterações do pensamento que se caracterizam por idéias que não condizem com a realidade objetiva”, enquanto que “alucinações envolvem sempre algum órgão senso-perceptivo, como a audição, a visão, o tato, o olfato e a sinestesia (sensações internas). Elas não são invenções – a pessoa realmente está vendo, ouvindo ou sentindo aquilo”. Ou seja, o primeiro ocorre na mente e o segundo atinge os sentidos.

Do ponto de vista psiquiátrico, o surto psicóticos está relacionado a uma distorção dos neurotransmissores, ou seja, das substâncias químicas produzidas pelos neurônios e que são responsáveis pelo envio de informações a outras células. “O pensamento tem um curso e um conteúdo, quando o conteúdo do pensamento está desagregado, ele perde conexão com a realidade ou então ele distorce a realidade, ele passa a ser um sintoma de surto psicótico”, explica a psiquiatra Clarissa Severino Gama do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
A dopamina é considerada um neurotransmissor chave da teoria neuroquímica da esquizofrenia e das psicoses em geral. Além dela, há uma série de outros neurotransmissores envolvidos, porém os mecanismos destes ainda não são profundamente conhecidos, estando em fase de estudos, como o glutomato e a serotonina.

Subindo a Serra (As Causas)

Os motivos que levam a um surto psicótico são diversos e podem variar de pessoa para pessoa. O que é comum entre os surtos é o fato de serem “a gota d'água”, de acordo com o psicólogo Eduardo Xavier do Hospital Psiquiátrico São Pedro. A crise se origina em pessoas que já possuem uma certa fragilidade psicológica, ou seja, é algo que vai crescendo. Muitas vezes começa de forma incipiente e vai se intensificando até que finalmente leva a pessoa a surtar.

Psicoses como a esquizofrenia, abusos de drogas, crises de abstinência de substâncias e alguns transtornos afetivos como a bipolaridade (antigo transtorno maníaco-depressivo) são causas bastante comuns de surtos. Existem, porém circunstâncias pontuais que desencadeiam a crise em pessoas as quais aparentemente não seriam um alvo óbvio.

Fatos marcantes, como a morte de um ente querido, distúrbios de estresse pós-traumático e mudanças de rotina abruptas podem levar uma pessoa a psicotizarAlguns surtos decorrem de causas orgânicas. “Traumatismo crânio-encefálicos, doenças como o lupus ou tumores cerebrais podem ser responsáveis por crises. Também pacientes com demências como senilidade, Alzheimer e Parkinson podem psicotizar, porque essas pessoas começam a ficar confusas, desorientadas, agitadas, não reconhecem mais a sua casa, a sua família, e isso pode ocasionar uma desorganização mais grave”, exemplifica Edílson Pastore.

Para a psiquiatra Clarissa Gama, a psicose tem um fundo neuroquímico bastante importante, embora o ambiente, o estresse, a existência de casos de psicose na família, as doenças que prejudiquem o funcionamento do cérebro são fatores que podem levar a uma crise. No geral, os psiquiatras vêem o surto quase sempre como parte de uma doença objetiva.os psicólogos, acreditam que haja uma doença de base, exceto no caso de surtos induzidos pelo uso de drogas.

Os Carrinhos Frágeis (Grupos de Risco)

O surto pode atingir qualquer pessoa, sem distinção de idade, sexo e grupo social, basta que se tenha uma estrutura psíquica predisposta a isso. Existem, entretanto, grupos de risco, fases na vida em que há maiores chances de entrar em crise. O final da adolescência e o início da idade adulta são fases mais propícias porque certas doenças mentais irrompem tipicamente nesta idade, como a esquizofrenia cujos sintomas se manifestam (nos rapazes) entre os 15 e 20 anos. Nestas fases são típicas grandes mudanças na vida como ir morar sozinho, mudar de cidade, servir no quartel, começar a trabalhar. Nestes casos, se a pessoa é psicologicamente mais frágil, pode haver um surto psicótico.

O caso dos surtos em rapazes que vão servir no quartel é um exemplo recorrente entre os entrevistados. Eduardo Xavier explica: “o rapaz faz 18 anos e tem de entrar no quartel. O quartel é lugar de homem, lugar de 'macho', toda aquela questão de mostrar virtudes e coragem, de ser um entre tantos capaz de servir à pátria. São muitas significações que convocam a pessoa de uma maneira muito forte”. Se o rapaz é uma pessoa mais frágil, a mudança abrupta de rotina e de ambiente e, especialmente, o dia-a-dia- de um quartel, podem fazê-lo psicotizar.

Pessoas com retardo mental também podem surtar, de acordo com Pastore. “Elas tem pouco desenvolvida a capacidade de abstração e simbolização, e podem não conseguir se relacionar com grupos sociais e interpretar piadas e brincadeiras, o que os levam a se isolar e freqüentemente, entrar em crise”. Crianças e jovens submetidos a situações de muito estresse também são alvo de crises psicóticas.

Relação entre o surto e as drogas

Estudos estão sendo realizados para descobrir qual a relação das drogas com os surtos. Muitas pessoas não possuem nenhuma psicose, mas ao utilizarem drogas e outras substâncias psicoativas, iniciam uma crise psicótica induzida. As drogas desencadeiam comumente crises psicóticas, são: crack, cocaína e ácidos (incluindo o LSD). O álcool e a maconha têm menor relação com a decorrência de surtos. No caso do álcool, a crise só ocorre quando este é consumido em altas doses. A pessoa toma um “porre” e entra em agitação psicomotora, fica desorganizada, agressiva.

O surto induzido pode ocorrer em pessoas que nunca utilizaram a substância antes e estão experimentando-a pela primeira vez. “Nesses casos, normalmente a pessoa precisa já ter uma propensão à doença” lembra Edílson Pastore. A droga serve como desencadeante para a perturbação e os sintomas duram enquanto a droga estiver no organismo do indivíduo. Muitas vezes ela apenas inicia a primeira crise. Depois, a pessoa passa a ter surtos mesmo sem a utilização da droga. Eduardo Xavier destaca que as drogas têm o mesmo poder de ser a “porta” que permite o desencadeamento de uma crise assim como o Carnaval e a violência, “porque essas são situações que convidam as pessoas a usarem parte de suas mentes que elas não usam normalmente”.

Tratamento

A primeira preocupação é com a segurança do paciente, ou seja, deve-se ajudar a pessoa a se sentir segura. Dizer 'olha, alguma coisa perturbou em ti, tem alguém contigo, tu está bem, pode dormir'”, aconselha o psicólogo Eduardo Xavier, o qual também acredita que, embora neste período de surto a pessoa possa falar muitas “asneiras”, coisas que não condizem com a realidade, é importante ouvir, porque “o que emerge às vezes deste psiquismo alterado são coisas sem sentido, mas que mesmo assim precisam ser faladas, precisam ser ouvidas”.

A medicação é essencial para o controle da crise. Os remédios antipsicóticos agem nas vias da dopamina. A risperidona, a clozapina, a olanzapina são os antipsicóticos mais utilizados. O haloperidol e o haldol, embora ainda sejam usados, estão perdendo espaço para os mais modernos porque têm alguns efeitos colaterais mais significativos como enrijecimento muscular, impregnação (enrijecimento brusco de algum membro) e salivação. “Os medicamentos modernos provocam sonolência e deixam a pessoa mais prostrada, mas são efeitos que não se comparam ao dos antipsicóticos mais antigos”, justifica Edílson Pastore. À medida que os sintomas vão desaparecendo, a medicação vai sendo retirada. No caso da crise psicótica ter sido induzida, não é necessária a medicação, bastando afastar a pessoa das drogas para que ela se reabilite. Hoje em dia, as internações são breves, somente enquanto durar a crise, cerca de dez ou quinze dias.

Após este primeiro momento, trabalhos em grupo e reuniões são acessórios para o tratamento, “o problema é que quando a pessoa está muito frágil, ela não agüenta coisas muito diferentes das dela”, afirma Eduardo Xavier, por isso nem sempre a pessoa surtada pode participar de grupos de apoio. “O mais importante são os remédios, pois o surto constituí também uma alteração bioquímica grave”, lembra o psicólogo Edílson Pastore.

As sessões de terapia são importantes para identificar se a crise está iniciando uma doença mental, como no caso da uma esquizofrenia ou de um transtorno afetivo (bipolar, obsessivo-compulsivo, etc). Se for confirmada a hipótese, a pessoa precisará realizar o tratamento a vida inteira, pois nestes casos não há cura.

Se o surto tiver um causa específica, um evento, um acontecimento e se esta causa se extinguir, pode ser que a pessoa se recupere sozinha (por exemplo: um homem que entra em crise após a morte do filho). “Muitas vezes tudo que a pessoa precisa é de tempo para se recuperar da perturbação”, afirma Pastore, que também acredita na cura completa do surto, mas destaca que ela depende de fatores como a idade, as condições clínicas, a pessoa em si e o que causou o surto.


(*)Psique era o conceito grego para o self ("si-mesmo"), abrangendo as ideias modernas de alma, ego e mente.
Etimologia: Do grego psychein ("soprar"), é uma palavra ambígua que significava originalmente "alento" e posteriormente, "sopro". Dado que o alento é uma das características da vida, a expressão "psique" era utilizada como um sinônimo de vida e por fim, como sinônimo de alma, considerada o princípio da vida. A psique seria então a "alma das sombras" por oposição à "alma do corpo".
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